O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modri, afirmou nesta sexta-feira, 19, que a prática de yoga ajuda a construir um “escudo protetor” de imunidade contra a Covid-19, enquanto não há vacina ou tratamento para a doença. O país, um dos mais populosos do mundo, registrou 342 mortos na quinta-feira 18, dois dias após ter registrado o recorde de 2.000 óbitos em 24 horas.
“Sabemos que até agora ninguém no mundo conseguiu desenvolver uma vacina contra a Covid-19 ou o coronavírus”, disse Modi em um vídeo divulgado na quinta-feira. “Por isso, atualmente, apenas uma imunidade forte pode atuar como escudo protetor ou segurança para nós e nossos parentes. Yoga é um amigo fiel na construção deste escudo protetor”, completou.
Desde sua chegada ao poder em 2014, e sua reeleição em 2019 sob a populista bandeira do nacionalismo hindu, que ignora a violência religiosa dentro do país, Modi defende de forma ferrenha as práticas e tratamentos tradicionais indianos, que utiliza para divulgar a cultura do país no exterior. A política de exportação da cultura indiana resultou na criação do Dia Internacional do Yoga, celebrado no dia 21 de junho, pelos países membros da Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015.
Na data são organizadas grandes sessões coletivas de yoga em locais públicos em todo planeta, mas este ano Modi aconselhou os praticantes que permaneçam em casa devido à pandemia do coronavírus. “Yoga é potencialmente benéfica para os desafios mentais, físicos e psicológicos. Nos testa sobre a forma como vivemos em tempos difíceis”, disse.
A medicina e práticas tradicionais, no entanto, não são uma cura ou prevenção para a Covid-19, tampouco remédios e tratamentos modernos, uma vez que pesquisas científicas ou ainda estão em fases preliminares ou precisam ser revisadas por pares para comprovar sua eficácia.
A Índia é um dos países mais populosos do mundo, e ao mesmo tempo um dos mais desiguais. Durante a campanha de reeleição, Modi prometeu levar banheiros públicos para interior do país, já que o toalete é raro nessas regiões. A falta de higiene nas camadas mais pobres pode aumentar a infecção por Covid-19, uma vez que o acesso ao sabonete e álcool em gel se tornam mais difíceis.
O governo agiu rápido para impedir a propagação do vírus e decretou quarentena no país inteiro entre os dias 24 de março e 3 de maio. O resultado foi visível: durante o confinamento, foram registrados, ao todo, 42.505 casos da doença. Mas com a reabertura e a retirada das restrição, a cifra disparou e nesta sexta, segundo levantamento em tempo real da Universidade Johns Hopkins, são 380.532 infectados e 12.573 mortes.