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Presidente mexicano mente 80 vezes em cada pronunciamento, diz relatório

De acordo com documento, López Obrador recorre a 'dados não verificáveis' para evitar tocar em questões relacionadas à pandemia e tópicos espinhosos

Por Da Redação Atualizado em 16 abr 2021, 12h04 - Publicado em 16 abr 2021, 11h42

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, mente ou fornece dados imprecisos em média 80 vezes em cada um de seus pronunciamentos matinais diários, de acordo com um novo relatório da organização mexicana Sinais Vitais.

“Este governo tem sido caracterizado pela perda do valor da verdade, o uso frequente e sem vergonha de mentiras, meias verdades e dados não verificáveis”, afirmou a organização na quinta-feira, 15, em um comunicado.

De acordo com o relatório, intitulado “O valor da verdade — Um terço do sexênio”, o presidente recorre a “meias verdades” e “dados não verificáveis” para evitar tocar em questões relacionadas à pandemia, militarização, evasão escolar e energia limpa.

Em fevereiro, por exemplo, durante sua primeira entrevista coletiva desde que contraiu a Covid-19, o presidente afirmou que continuaria evitando usar máscaras, já que “não infecta mais outras pessoas”.

A fala aconteceu pouco depois de um médico explicar na mesma entrevista coletiva que há possibilidade de reinfecção e disseminação do vírus. “Pelo que os médicos dizem, não sou mais contagioso”, disse o presidente, ignorando o que foi dito anteriormente pelo especialista.

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A pandemia é um forte desafio ao presidente. Com mais de 211.213 mortes e 2,3 milhões de casos confirmados, o México é o terceiro país do mundo com mais óbitos causados pela Covid-19, depois de Estados Unidos e Brasil. No entanto, os dados reais podem ser ainda maiores, à medida que, após pressão internacional e diversas críticas, o governo reconheceu em março que o número oficial seria 60% maior que dados oficiais. Por ora, o programa de vacinação nacional contempla pessoas com mais de 60 anos, funcionários da Saúde e professores.

Além do número elevado de casos, a postura do presidente está inserida em um contexto de aumento no desemprego e na pobreza. Na esteira da pandemia, a pobreza no México pode ter aumentado para 62,2 milhões de pessoas em 2020, contra 52,4 milhões em 2018, de acordo com uma estimativa do Conselho de Avaliação da Política de Desenvolvimento Social.

Militarização

Além disso, a organização afirma que, após mais de dois anos de governo, López Obrador, que tomou posse como presidente em 1º de dezembro de 2018, está prestes a ultrapassar a marca de 23.000 mentiras proferidas pelo ex-presidente americano Donald Trump durante todo o seu mandato, conforme análise do jornal Washington Post.

Entre muitas questões, o relatório retrata um presidente que tentou concentrar o poder através de mudanças legais e decretos através dos quais tenta colocar em prática o seu programa de governo. O ano de 2019 foi o terceiro com mais emendas constitucionais desde 1917, segundo o levantamento.

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O estudo também reflete uma crescente preocupação a nível nacional e internacional pela militarização do país, traduzida na entrega de recursos e poderes concedidos às Forças Armadas. A organização Causa en Común identificou que, entre 2018 e 2020, 55 militares foram nomeados para cargos civis importantes em todas as esferas do governo.

Na contramão, agências como a Comissão Nacional de Direitos Humanos (CNDH) e o Instituto Nacional de Transparência, Acesso à Informação e Proteção de Dados Pessoais (INAI) sofreram cortes em seus orçamento.

Apesar do processo de militarização, além de confinamentos por conta da pandemia de Covid-19, as agências afirmam que a insegurança permanece em níveis observados há anos.

Os homicídios diminuíram em apenas 0,34%, apesar do confinamento. O número de feminicídios também foi praticamente o mesmo em 2019 e em 2020″, aponta o relatório.

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