Presidente do Paraguai inaugura embaixada do país em Jerusalém
Abertura de embaixada americana na cidade provocou conflitos na Faixa de Gaza, onde soldados de Israel mataram 60 palestinos que protestavam contra decisão
O presidente do Paraguai, Horacio Cartes, inaugurou nesta segunda-feira (21) a embaixada do seu país em Jerusalém, se tornando o terceiro país a tornar efetiva esta controversa decisão, liderada pelos Estados Unidos na semana passada e seguida dias depois pela Guatemala.
“A decisão concretiza outro acontecimento histórico em nossos vigorosos laços de amizade, que coincide com a comemoração da criação do Estado de Israel, que meu país acompanhou nas Nações Unidas, decidida e decisivamente, há 70 anos”, afirmou Cartes.
O presidente do Paraguai considerou, em discurso, que o ato de hoje tem uma profunda significação, expressa “na amizade sincera e na plena solidariedade do Paraguai com Israel”.
“Não sou amigo de posições mornas ou ambíguas”, disse Cartes, defendendo sua decisão de apoio a uma “nobre e valente nação”, com a qual a república do Paraguai compartilha “valores e princípios como democracia, liberdade, defesa dos direitos humanos e tolerância”, disse Cartes.
Ele ressaltou que admira “profundamente” Israel, que “defende heroicamente sua soberania e integridade, seu direito de viver em paz, construindo uma nação com exemplar desenvolvimento econômico e social, prosperidade e bem-estar para seus filhos”, lembrando o “caminho difícil percorrido por milênios por esta heroica nação”.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, esteve presente no ato e agradeceu calorosamente o passo dado por Assunção.
“Este é um grande dia para Israel, um grande dia para o Paraguai, um grande dia para a nossa amizade. Vocês fizeram muito pelo seu país e agora está fazendo muito por nossos países. Nós lembramos de nossos amigos. Obrigado Horacio, obrigado Paraguai”, ressaltou Netanyahu.
Netanyahu lembrou que “o Paraguai ajudou os judeus a escapar da Alemanha nazista”.
“Vocês fizeram isto antes do Holocausto, durante o Holocausto e depois do Holocausto. Um ato de benevolência e misericórdia que estará sempre em nosso coração”, acrescentou o premiê israelense.
Confrontos e condenação internacional
Netanyahu esperava que vários países seguissem o exemplo americano. No entanto, apenas a Guatemala e o Paraguai demonstraram apoio.
A determinação do presidente Donald Trump de transferir a embaixada de seu país de Tel Aviv para Jerusalém reverteu a linha da política externa dos Estados Unidos seguida por décadas, contrariando o mundo árabe e os aliados ocidentais. O status da cidade israelense é um dos maiores obstáculos para um acordo de paz entre Israel e os palestinos, que desejam ter como capital Jerusalém Oriental, capturada pelo Estado judeu na Guerra dos Seis Dias de 1967.
Israel vê toda a cidade como sua capital. O governo Trump disse que as fronteiras definitivas da metrópole devem ser decididas pelas duas partes.
A comunidade internacional não reconhece a soberania israelense sobre a totalidade do território e afirma que seu status final deve ser determinado em negociações de paz.
No dia em que Washington abriu sua embaixada em Jerusalém, soldados de Israel mataram 60 palestinos que protestavam em Gaza. Esse foi o dia mais mortífero no enclave comandado pelo grupo islâmico Hamas desde o conflito de 2014.
Líderes palestinos dizem que, ao mudar sua embaixada, os Estados Unidos criaram incitamento e instabilidade na região e abdicaram de seu papel como mediadores da paz.
(Com EFE)