O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, foi anunciado, nesta sexta-feira 11, como o vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 2019, em cerimônia realizada em Oslo, capital da Noruega. O governante africano receberá a condecoração por sua atuação para o fim dos conflitos de seu país com a vizinha Eritreia. A entrega do prêmio acontecerá no dia 10 de dezembro, na mesma cidade norueguesa.
Ahmed, de 43 anos de idade, constava entre os nomes mais cotados pelas bolsas de apostas para receber o prêmio, mas aparecia com menos favoritismo do que a sueca Greta Thunberg, de 16 anos, ativista de causas ambientais. Também eram citados como possíveis vencedores os nomes da premiê neozelandesa Jacinda Ardem e do cacique brasileiro Raoni Metuktire, lembrado pelas décadas de militância em prol da proteção da Amazônia.
O acordo de paz entre a Etiópia e a Eritreia foi assinado em 2018, pondo fim a duas décadas de conflito entre essas duas nações do leste africano. Estima-se que cerca de 100 mil pessoas tenham morrido em disputas fronteiriças desde 1998. Para alcançar a paz na região, a Etiópia cedeu um território ao país vizinho, em uma das primeiras medidas de Ahmed como premiê, após assumir o cargo em abril do último ano.
As negociações de Ahmed com o presidente eritreu Isaias Afewerki permitiram que os países retomassem relações diplomáticas. Antiga província etíope, a Eritreia declarou independência em 1993.
Ao anunciar o premiê da Etiópia como vencedor do prêmio, o comitê organizador justificou a decisão por “seus esforços em alcançar a paz e a cooperação internacional e em particular em sua iniciativa decisiva em resolver o conflito com a vizinha Eritreia”.
Brasileiros fizeram campanha por Raoni
Liderança indígena brasileira de maior expressão internacional, Raoni Metuktire era um dos nomes mais cotados a receber o Nobel da Paz em 2019, o que o tornaria o primeiro cidadão brasileiro a vencer o prêmio individualmente. Anteriormente, brasileiros integrantes das Forças de Manutenção da Paz das Nações Unidas estiveram entre os premiados do Nobel da Paz em 1988, oferecido coletivamente.
Em 1960, Peter Brian Medawar, nascido em Petrópolis (RJ) – onde viveu até os 14 anos de idade -, venceu o Nobel de Medicina por pesquisar o sistema imunológico dos animais, mas foi condecorado representando o Reino Unido, terra de sua mãe. Ele teria perdido a nacionalidade brasileira por não cumprir o serviço militar obrigatório.
Raoni, de 87 anos de idade, atua há mais de três décadas em prol da preservação da Amazônia e das políticas de expansão das terras indígenas. Nas últimas semanas, uma campanha acompanhada da hashtag #RaoniNobel viralizou nas redes sociais, alimentada especialmente pelo enfrentamento de Raoni aos discursos e práticas do governo de Jair Bolsonaro durante os incêndios deste ano na Amazônia.