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Prefeito de Osaka retoma polêmico debate sobre tatuagem no Japão

Por Da Redação
23 Maio 2012, 10h09

Andrés Sánchez Braun.

Tóquio, 23 mai (EFE).- No Japão, onde muitos ainda consideram a arte das tatuagens como tabu, aqueles que defendem e possuem uma marca no corpo estão no centro das atenções por causa de uma polêmica iniciativa do prefeito de Osaka.

No começo de maio, Toru Hashimoto, prefeito da terceira cidade mais populosa do país, decidiu enviar um questionário para mais de 30 mil funcionários públicos com a intenção de saber quantos possuem algum tipo de desenho gravado no corpo.

Apesar de a enquete não especificar a adoção de medidas disciplinares no caso de uma resposta afirmativa, Hashimoto, um independente de 42 anos que apoiou sua carreira política no populismo de direita, sugeriu publicamente que aqueles que possuem tatuagem talvez devessem pensar em deixar seus empregos.

As declarações do prefeito citado podem ser consideradas estranhas, mas um grande número de japoneses ainda sente aversão às tatuagens e associa os desenhos com o submundo criminoso, já que tatuar o corpo é uma conhecida tradição dos yakusa (os membros da máfia).

Aparentemente, a Prefeitura enviou esse documento após as contínuas reclamações dos cidadãos, que estavam escandalizados com o grande número de funcionários do serviço de coleta de lixo que possuem tatuagens, explicou o jornal ‘Japan Times’.

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A rejeição da tatuagem no Japão alcança, por exemplo, muitos ginásios, piscinas e balneários, onde a entrada de pessoas com tatuagens por ser até proibida.

Os resultados da polêmica enquete (os professores da rede pública, por exemplo, se negaram a responder) foram publicados na última semana e revelaram que mais de 100 funcionários públicos possuem algum tipo de desenho gravado em seu corpo.

‘Se querem ter tatuagens, deveriam deixar de trabalhar para esta cidade e se tornar um trabalhador do setor privado’, comentou Hashimoto, que não chegou a precisar se entraria com um processo de demissão.

Até o momento, a enquete e os comentários só serviram para retomar o debate sobre a intolerância à tatuagem no Japão, onde a prática era proibida oficialmente durante era Meiji (1868-1912).

Nesta época, os governantes adotaram essa medida por considerar que as tatuagens davam uma imagem de pouco refinamento aos visitantes estrangeiros. No entanto, os tecnocratas de Meiji não levaram em consideração que a tatuagem japonesa tinha alcançado a máxima expressão como disciplina artística ao longo do período Edo (1603-1868).

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O êxito foi tanto que muitos tatuadores passaram a ser reconhecidos no país por causa de seus detalhados desenhos de serpentes, carpas, dragões e flores de lótus. Assim, os artistas eternizaram a arte do irezumi, que consiste em introduzir tinta sob a pele mediante ao uso de ferramentas – como a agulha, por exemplo.

A beleza de cores e sombras do irezumi acabou seduzindo alguns chefes de Estado estrangeiros, como o czar russo Nicolau II, que tatuou um dragão no braço durante uma visita a Kioto em 1891.

No entanto, essa rica tradição oriental não foi levada em consideração pela Administração Meiji, que se aproveitou a má imagem dos yakusa e do antigo costume de tatuar os presos nas prisões para ligar esta temática com a criminalidade.

Apesar do Governo de ocupação americana descriminalizar esta prática em 1948, o estigma ainda resiste e fixo na sociedade japonesa, embora cada vez mais os jovens aceitem as tatuagens.

A mudança de hábitos também ajudou neste sentido, já que a maioria dos tatuados de hoje usam pequenos desenhos e não mais os grandes e chamativos irezumi, muito mais dolorosos e caros.

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Os poucos professores de irezumi que seguem ativos, por outro lado, afirmam que até os yakusas mudaram seus hábitos, sendo que muitos deles não se tatuam mais para não chamar a atenção das autoridades. EFE

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