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Por que Israel não está vacinando os palestinos?

Governo de Benjamin Netanyahu argumenta que não tem responsabilidade legal de imunizar palestinos, mas ONU cobra ações

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 27 jan 2021, 14h08 - Publicado em 27 jan 2021, 13h50

Com mais de 40% de sua população já vacinada contra a Covid-19, Israel está à frente de todo o mundo na corrida pela imunização em massa. Nesta terça-feira 26, porém, o coordenador da ONU para o Oriente Médio, o norueguês Tor Wennesland, cobrou do país que facilitasse também a vacinação dos palestinos, que até agora não tiveram acesso às doses.

Nos EUA, diversos parlamentares democratas também se uniram aos apelos de várias organizações para que o governo israelense forneça às autoridades palestinas vacinas suficientes para proteger sua população, conforme exigido pelas convenções internacionais em casos de ocupações.

Até o momento, porém, o país que é a potência do Oriente Médio dedicou-se a vacinar apenas os cidadãos israelenses e os palestinos moradores de Jerusalém Oriental. A campanha começou dando prioridade aos idosos, militares e profissionais de saúde, mas já progrediu a todos os cidadãos com mais de 40 anos.

Todos os palestinos que vivem em Jerusalém têm o direito de serem vacinados por Israel, já que possuem visto de residência. O mesmo vale para os médicos que trabalham nos seis hospitais palestinos localizados na região – muitos dos quais vêm da Cisjordânia e da Faixa de Gaza.

As demais 5 milhões de pessoas que vivem nos territórios palestinos, porém, devem ter que esperar mais algumas semanas antes do início da campanha de vacinação.

A Autoridade Palestina assinou quatro contratos para a compra de vacinas, entre elas a russa Sputnik V, que faria a cobertura de 70% dos habitantes de Gaza e da Cisjordânia. As doses, porém, não devem ser entregue antes da metade de março.

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Responsabilidade legal

O governo de Israel argumenta que não tem responsabilidade legal de imunizar os palestinos, já que segundo os Acordos de Oslo – princípios de paz assinados entre israelenses e palestinos em 1993 e que estão atualmente suspensos -, a Autoridade Palestina assumiria os cuidados de saúde de seu povo, incluindo a vacinação.

O ministro da Saúde de Israel, Yuli Edelstein, disse à emissora britânica BBC que sua primeira responsabilidade era para com os cidadãos de Israel, mas disse que seu país tem “interesse” em vacinar os palestinos no futuro, quando tiver condições.

Em nome da ONU, porém, Tor Wennesland disse que o direito internacional exige que Israel assuma o compromisso com os palestinos, já que algumas das regiões onde vivem podem ser consideradas territórios ocupados. “É essencial que ambos os governos sejam capazes de controlar a pandemia. Isso também cumpriria as obrigações de Israel em virtude do direito internacional”, disse Wennesland.

Ele também reconheceu que Israel tem trabalhado por um ano em “estreita colaboração com as Nações Unidas e seus colaboradores para garantir que o material e itens necessários cheguem a toda a Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental e Gaza”. “É importante que este nível de cooperação e compromisso não seja enfraquecido agora que as vacinas devem chegar”, ressaltou.

O ministro palestino das Relações Exteriores, Riyad Al-Maliki, por sua vez, lamentou a ausência de ajuda de Israel em relação às vacinas. “Esperamos que este ano marque o fim desta horrível pandemia. Nesse sentido, gostaria de enfatizar que a potência ocupante não forneceu nenhuma vacina ao povo palestino ocupado até agora, estimando que não tinha obrigação de fazê-lo”, declarou.

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O embaixador de Israel na ONU e nos Estados Unidos, Gilad Erdan, rejeitou categoricamente as “falsas e grotescas acusações sobre a campanha de Israel para vacinar seu povo”, veiculadas, segundo ele, pelos palestinos. “Israel conduz uma campanha de vacinação bem-sucedida que inclui todos os membros da sociedade israelense”, acrescentou.

Durante os últimos seis meses, Israel “gastou milhões de dólares para ajudar os países a combater a pandemia” e colaborou com “os palestinos para treinar pessoal médico e fornecer-lhes equipamentos essenciais”, informou o diplomata.

A taxa de mortalidade pelo coronavírus em Gaza e na Cisjordânia é de 1,1% atualmente. Já em Israel a cifra é de 0,7%, segundo dados da OMS.

(Com AFP)

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