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Por que a Rússia ainda não está sofrendo com o corte de gás da Europa

Mesmo com a queda das importações, alguns países e empresas europeias não deixaram de recorrer ao gás russo

Por Da Redação
1 jun 2022, 14h50

Desde o início da guerra com a Ucrânia, em 24 de fevereiro, a Rússia tem tomado ações cada vez mais agressivas contra as nações europeias a respeito da comercialização de seu gás, tendo cortado exportações em mais de um quarto em relação a janeiro. No entanto, os cofres do país continuam cheios mesmo assim. A explicação se encontra nas políticas de preço impostas pelo presidente Vladimir Putin

De acordo com comunicado da gigante estatal russa Gazprom nesta quarta-feira, 1, as exportações de gás de Moscou para países fora da Comunidade de Estados Independentes, que inclui 11 países da Ásia Central e Europa Oriental, caíram quase 28% nos primeiros cinco meses de 2022.

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Até o momento, a empresa cortou pelo menos 20 bilhões de metros cúbicos de seu fornecimento para países europeus como Polônia, Bulgária, Finlândia, Dinamarca, Alemanha e Holanda pelo fato deles não aceitarem pagar pelo produto em rublos, exigência feita por Putin em março.

Segundo dados da Agência Internacional de Energia (AIE), essa quantidade corresponde a 13% do total anual de gás natural que a União Europeia importa da Rússia.

Desde o ultimato de Putin, a Gazprom ofereceu aos clientes uma solução alternativa. Os compradores poderiam fazer pagamentos em euros ou dólares em uma conta no Gazprombank do país, que então converteria os fundos em rublos e os transferiria para uma segunda conta da qual o pagamento seria feito.

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Nem todos os clientes se mostraram satisfeitos com a alternativa. Na última terça-feira, a Shell “não concordou com os novos termos de pagamento” e interrompeu o fornecimento da estatal russa para seus clientes alemães. Na Holanda, a empresa GasTerra seguiu pelo mesmo caminho e disse que não iria cumprir os “requisitos de pagamento unilateral” da Gazprom. 

A União Europeia continua se esforçando para reduzir sua dependência energética de Moscou, inclusive aumentando as importações de gás natural de outros países e prometendo reduzir o consumo do produto russo em 66% até o final do ano. 

Em uma corrida contra o tempo, as nações europeias estão buscando encher suas instalações de armazenamento antes do inverno para evitar choques de abastecimento desastrosos. A Alemanha, maior economia do bloco e uma das maiores dependentes do gás russo, conseguiu reduzir a participação de Moscou em suas importações para 35%.

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Apesar da manobra da União Europeia, especialistas apontam que a Rússia irá demorar a sentir o impacto da diminuição das importações, principalmente devido ao aumento recente do preço de petróleo e gás, que aumentaram as receitas de Moscou. 

As importações de combustíveis fósseis da União Europeia do país geraram US$ 47 bilhões à Rússia nos dois meses após a invasão à Ucrânia, o dobro do valor do mesmo período em 2021, de acordo com um relatório do Centro de Pesquisa em Energia e Ar Limpo (Crea), think tank finlandês que pesquisa poluição do ar. 

Além disso, algumas das maiores empresas de energia da Europa optaram por adotar a alternativa proposta pela Gazprom para manter o fluxo de gás, mesmo com a advertência das autoridades do bloco. Segundo a União Europeia, a decisão entra em conflito direto com as sanções aplicadas.

A longo prazo, no entanto, a diminuição das importações pode ser um problema para a Rússia. Diferentemente do petróleo, as exportações de gás são feitas principalmente por meio de gasodutos, que podem levar anos para serem construídos. A Rússia não vai arranjar novos parceiros comerciais para o produto tão cedo.

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