A crise de imigrantes na fronteira entre a Polônia e o Belarus segue numa escalada explosiva de tensão.
Nesta quarta-feira (10), autoridades polonesas aumentaram o contingente de policiais e militares na região fronteiriça, e realizaram dezenas de prisões.
Entidades de direitos humanos calculam que 4.000 pessoas estejam acampadas na fronteira entre os dois países. As condições são extremamente precárias e há barracas montadas até dentro de florestas.
A Comissária de Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet, pediu aos dois países que diminuam o que classificou como “intolerável”.
Bachelet também disse que os imigrantes retidos na fronteira não devem passar a noite sem abrigo, já que a região vem enfrentando temperaturas negativas nos últimos dias.
“Faço um apelo aos dois países para que resolvam esta situação intolerável”, afirmou Bachelet.
“Essas centenas de homens, mulheres e crianças não devem ser forçados a passar outra noite em um clima congelante sem abrigo adequado, comida, água e cuidados médicos”, disse ela.
“De acordo com o direito internacional, ninguém deve ser impedido de buscar proteção”, concluiu.
Bachelet pediu ainda que os dois países permitam o acesso de trabalhadores humanitários, advogados e jornalistas às pessoas presas.
E que tanto as ações de Varsóvia quanto de Minsk “incluindo o aumento do envio de tropas – e a retórica inflamatória” aumentaram a vulnerabilidade e os riscos enfrentados pelos imigrantes.
As palavras de Bachelet, porém, surtiram pouco ou nenhum efeito sobre as autoridades locais.
Já durante a manhã de quarta, o governo de Varsóvia avisou que enviou milhares de soldados à fronteira após imigrantes tentarem atravessar a fronteira ilegalmente na última madrugada.
Em Minsk, o ditador Alexander Lukashenko acusou as forças de segurança polonesas de “empurrar ilegalmente” os requerentes de asilo de volta ao território do Belarus.
A Polônia e outros estados membros da União Europeia acusam o Belarus de encorajar os refugiados a cruzar a fronteira como forma de se vingar contra as sanções que o país vem sofrendo.
Boa parte do Ocidente impôs barreiras econômicas a Minsk como punição pela fraude nas eleições presidenciais de 2020, que deu ao ditador Lukashenko seu sexto mandato.
Os 27 embaixadores da União Europeia já concordaram que o número crescente de imigrantes na fronteira faz parte de uma guerra de nervos empreendida por Lukashenko.
Esse entendimento abre a possibilidade de que sejam impostas novas sanções ao país.