Polícia acha caderno em que suspeito detalha como mataria CEO em Nova York
Assassinato de Brian Thompson, chefe da seguradora UnitedHealthcare, ocorreu do lado de fora de um hotel em Manhattan, na rua
Luigi Mangione, acusado de assassinar Brian Thompson, CEO da UnitedHealthcare, carregava um caderno com um plano detalhado para o tiroteio no dia da convenção de investidores da gigante dos seguros, na semana passada. A informação foi divulgada nesta quarta-feira, 12, pelo jornal americano The New York Times, com base em relatos de dois policiais.
“O que você faz? Você espanca o CEO na convenção anual de contadores de feijão parasitas. É direcionado, preciso e não arrisca inocentes”, dizia o texto, de acordo com os agentes.
O assassinato de Thompson, 50 anos, ocorreu do lado de fora de um hotel em Manhattan na manhã da última quarta-feira, 4. Ele foi baleado pelas costas e o atirador fugiu de bicicleta até o Central Park, onde pegou um táxi até uma estação de ônibus e fugiu da cidade. Investigadores ainda precisam determinar se ele tinha cúmplices, e se pretendia matar outra pessoa além do CEO da UnitedHealthcare.
Após cinco dias de buscas, o homem de 26 anos foi encontrado em Altoona, Pensilvânia, onde parou para comer em uma filial do McDonald’s e foi reconhecido por um cliente e um funcionário, com base nas fotos divulgadas pela polícia. Além do homicídio ele foi imputado por crimes relacionados a porte de arma e falsificação.
Entre seus pertences, estavam grandes quantias em dinheiro vivo e identidades falsas, as mesmas que a polícia acredita terem sido usadas pelo assassino. As impressões digitais de Mangione foram comparadas com as encontradas numa garrafa de água e uma embalagem de comida encontradas próximas à cena do crime. Suas digitais também teriam sido detectadas em evidências balísticas no local, disse um oficial com conhecimento da investigação ao NYT.
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Elogios a Ted Kaczynski
Segundo a emissora americana CNN, o caderno continha um texto escrito por Mangione sobre Ted Kaczynski, terrorista conhecido como “Unabomber” que cometeu uma série de atentados a bomba entre 1978 e 1995, sob justificativas de liderar uma campanha contra a tecnologia e a exploração de trabalhadores. O jovem leu o livro The Unabomber Manifesto: Industrial Society and Its Future, escrito por Kaczynski, e já havia destinado elogios à obra numa publicação nas redes sociais.
“Ele era um indivíduo violento — preso com razão — que mutilou pessoas inocentes. Embora essas ações tendam a ser caracterizadas como as de um louco, no entanto, elas são vistas com mais precisão como as de um revolucionário político extremo”, escreveu ele numa publicação na plataforma de leitura GoodReads.
Inspirado por Kaczynski, Mangione cogitou usar uma bomba no atentado, mas desistiu da ideia porque “poderia matar inocentes”. Atirar seria uma maneira de assassinato mais precisa, concluiu ele. Além do caderno, o suspeito foi preso com uma carta escrita à mão de 262 palavras, na qual parecia assumir a responsabilidade pelo crime, de acordo com o NYT.
Embora o documento não mencionasse alvos específicos, Mangione nutria “má vontade em relação às corporações americanas”, completou Joseph Kenny, chefe de detetives da polícia nova-iorquina. Isso se conecta com o fato de que as palavras “negar”, “defender” e “depor” foram esculpidas nas cápsulas de balas encontradas na cena do crime, uma referência ao livro de 2010 Delay, Deny, Defend: Why Insurance Companies Don’t Pay Claims and What You Can Do About It, que faz duras críticas ao setor de seguros de saúde.
Um relatório do Departamento de Polícia de Nova York indicou que Mangione “provavelmente se vê como uma espécie de herói que finalmente decidiu agir diante de tais injustiças”, enxergando a morte de Thompson como uma “derrubada simbólica”. A preocupação das autoridades é que, agora, ele seja visto como um “mártir e um exemplo a seguir”.