O acidente com um voo da Asiana Airlines em julho do ano passado ocorreu por erro dos pilotos, apontou nesta terça-feira a NTSB, agência de segurança de transporte dos Estados Unidos. O órgão federal concluiu que a tripulação administrou mal um confuso sistema de piloto automático, o que levou o Boeing 777 a bater na pista do Aeroporto Internacional de São Francisco, na Califórnia, durante a aterrissagem, em julho do ano passado. O acidente resultou em três mortes e mais de 200 pessoas ficaram feridas. Uma das vítimas morreu atropelada por um caminhão dos bombeiros.
A tripulação não conseguiu discernir se um dos principais controles da aeronave estava mantendo a velocidade de voo, indicou a agência, afirmando que a tripulação confiou demais nos sistemas automatizados da aeronave. Os pilotos também retardaram demais a decisão de abortar o pouso, o que poderia ter evitado o acidente.
“A automação indiscutivelmente tornou a aviação mais segura e eficiente. Mas quanto mais complexa esta automação fica, maior o desafio para assegurar que os pilotos a entendam de forma adequada”, disse o diretor interino da NTSB, Christopher A. Hart, durante a apresentação das conclusões sobre o acidente.
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Para ele, a combinação entre a confiança no sistema e a falta de conhecimento sobre ele foram fatores cruciais no acidente. “Como resultado, eles voaram em uma altitude e numa velocidade muito baixas” e o avião acabou chocando-se contra o quebra-mar que separa a pista da baía.
A agência também culpou, de forma pouco usual, o treinamento dado aos pilotos pela companhia aérea Asiana Airlines e a complexidade do sistema autothrottle, que controla a potência do motor, bem como os materiais informativos fornecidos pelo fabricante, que não teriam deixado claro sob quais condições os controles não mantêm a velocidade automaticamente.
A Boeing rejeitou a ideia de que os sistemas automáticos do Boeing 777 contribuíram para o acidente. Em comunicado, a empresa destacou a segurança do equipamento. “O sistema de voo automático foi usado com sucesso em mais de 200 milhões de horas de voo e mais de 55 milhões de aterrissagens. As provas coletadas durante esta investigação demonstram que todo o sistema do avião funcionou como planejado”.
A companhia sul-coreana afirmou que os pilotos acreditaram que o sistema de aceleração automática manteria o avião rápido o suficiente para pousar com segurança, o que não ocorreu. O piloto que comandava o voo era experiente, mas não tinha alguns conhecimentos importantes sobre o equipamento, segundo a NTSB. Com mais de 9.000 horas de voo no currículo, Lee Kang-Kuk tinha apenas 43 horas em aeronaves do mesmo modelo da que se acidentou.
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