O Pentágono informou ao Congresso dos Estados Unidos nesta quarta-feira, 1, não ter recebido ordens para preparar uma intervenção militar direta na Venezuela. Mas, diante do Comitê de Serviços Armados da Câmara dos Deputados, a secretária-assistente de Defesa para Assuntos de Segurança Internacional, Kathryn Wheelbarger, disse estar a instituição preparada para mobilizações necessárias.
“É claro que sempre analisamos opções disponíveis e planos para contingências”, afirmou ela. “Mas, neste caso, não recebemos o tipo de ordens que você está discutindo, não”, completou Wheelbarger.
O secretário interino da Defesa, Patrick Shanahan, cancelou nesta quarta-feira uma viagem à Alemanha e à Bélgica para coordenar o Pentágono com o Conselho de Segurança Nacional e o Departamento de Estado na questão da crise na Venezuela e também na situação crítica na fronteira entre os Estados Unidos e o México, segundo a Voz da América.
Celulares desligados
Na terça-feira 30, diante dos confrontos entre as forças de Nicolás Maduro e as manifestações da oposição em prol de sua renúncia, o governo de Donald Trump reiterou considerar “todas as opções” para o caso venezuelano. Portanto, a intervenção militar continua sobre a mesa.
O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton, chegou a mencionar que três importantes colaboradores do regime, entre os quais o ministro da defesa, Vladimir Padrino, tinham feito um acordo para apoiar o oposicionista Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino da Venezuela. Mas tinham recuado.
Guaidó antecipara a mobilização popular de 1º de maio para a terça-feira sob o argumento de que já contava com o apoio militar necessário para derrubar Maduro. O enviado especial dos Estados Unidos para a Venezuela, Elliot Abrams, afirmou nesta quarta-feira que os “altos funcionários” do governo de Maduro que assinaram o acordo haviam “desligado seus celulares”.
Abrams suspeita de ação dos governos russo e cubano para convencer “quase todo o alto comando” a recuar. Além de Padrino, o acordo com 15 pontos negociado com a oposição envolveu o presidente do Tribunal Supremo de Justiça, Maikel Moreno, e o diretor de Contrainteligência, Iván Hernández Dala. O americano insistiu não ter havido participação de autoridades do governo de Trump. O acordo, comentou, previa garantias de respeito à dignidade, para que pudessem deixar o país “com honra”.
“Falaram, falaram e falaram, e quando chegou o momento da ação, não estavam dispostos a fazer”, afirmou Abrams. “Por quê? Qual foi o papel dos russos? Qual foi o papel dos cubanos? Estamos tratando agora de buscar as respostas a essas perguntas, mas sabemos que houver algumas prisões de líderes da inteligência e do corpo militar (da Venezuela)”, completou.
Maduro não tomara parte das negociações, segundo Abrams. Em sua opinião, talvez o líder venezuelano tenha descoberto o acerto e decidido reagir na terça-feira, quando Guaidó anunciava ter o apoio necessário.
“Penso que a partir de agora, Maduro deve saber que não tem o apoio daqueles que prometerem e se colocam a seu lado. Agora, cada um deles sabe que Maduro precisa sair”, completou.
(Com EFE)