Uma semana depois de Moscou iniciar seus bombardeios na Síria e embaralhar as peças na já complexa guerra civil, os Estados Unidos anunciaram nesta sexta-feira que vão acabar com seus programas de treinamento de rebeldes sírios para lutar contra o grupo Estado Islâmico (EI). De acordo com o governo dos EUA e com a Otan, grande parte dos ataques russos foram dirigidos contra posições dos grupos rebeldes que tentam derrubar a ditadura de Bashar Assad e também combatem os jihadistas. Alguns dos grupos rebeldes atingidos eram apoiados pelos EUA.
A mudança de tática pode ser interpretada como um reconhecimento tácito de que o programa do Pentágono de 500 milhões de dólares (1,9 bilhão de reais) para treinar os rebeldes sírios moderados fracassou. Recentemente, a imprensa americana informou – e o Pentágono confirmou – que dois dos grupos de rebeldes formados e armados pelos Estados Unidos entraram na Síria este ano através da Turquia, mas um deles se desintegrou depois de ser atacado e o outro entregou grande parte de seu equipamento à Al Qaeda.
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O esforço americano se concentrará agora no treinamento e provisão de armas para forças já existentes e líderes veteranos, informou um oficial da Defesa ao jornal The New York Times, sob condição de anonimato. “No modelo anterior estávamos treinando unidades de infantaria. Agora estamos mudando para um modelo que produzirá uma maior capacidade militar de combate”, explicou o oficial. Segundo a fonte, o novo plano receberá orientação para melhor efetividade no treinamento e será iniciado em alguns dias.
Mais cedo, o secretário da Defesa, Ashton Carter, afirmou que o presidente Barack Obama aprovou inúmeras mudanças no programa de treinamento e equipamento dos rebeldes sírios moderados. “Idealizamos vários enfoques quanto à ajuda aos rebeldes”, afirmou Carter em uma coletiva conjunta com seu colega britânico, Michael Fallon.
O programa de treinamento de rebeldes sírios foi anunciado pelo governo americano em janeiro de 2015, mas não se traduziu numa força de paz capaz de realizar seus objetivos. Em julho, o primeiro grupo treinado foi atacado pela Al Nosra. Um membro da unidade morreu, um foi capturado e nada se sabe sobre os outros 18.
(Da redação)