O retorno do Paraguai ao Mercosul pode ocorrer antes das eleições presidenciais do país, marcadas para abril do ano que vem, caso os demais membros do bloco entendam que a democracia foi restabelecida, disse nesta sexta-feira o ministro de Relações Exteriores brasileiro, Antonio Patriota. O Paraguai foi suspenso do bloco após um rápido processo que destituiu o ex-presidente Fernando Lugo em junho, sob a acusação de mau desempenho. Após o impeachment, Frederico Franco assumiu o comando do país.
Argentina, Brasil e Uruguai, países que à época formavam o Mercosul, repudiaram a medida, retiraram seus chanceleres e suspenderam o país do bloco. “A nossa expectativa é de que o Paraguai retorne o mais pronto possível, assim que seja retomada a vigência democrática. A manutenção do calendário eleitoral foi considerada positiva”, disse Patriota a jornalistas após participar de um encontro com o ministro de Relações Exteriores do Uruguai, Luis Almagro.
“Legalmente, (o retorno) poderá ser a partir do momento em que os outros membros decidirem. Pode ser a qualquer hora”, afirmou. O ministro brasileiro disse ainda que os chanceleres dos países do Mercosul não retornaram ao Paraguai desde a saída de Lugo, mas que os membros não precisam, necessariamente, aguardar a próxima reunião de cúpula do bloco, em dezembro, em Brasília, para discutir a questão.
Para Patriota, a suspensão temporária do Paraguai do Mercosul não tem causado prejuízos econômicos ao país vizinho, embora os paraguaios ameacem pedir indenização ao bloco. Segundo ele, o comércio bilateral entre Brasil e Paraguai aumentou nos últimos dois meses.
Já Almagro foi mais comedido ao comentar o possível retorno do Paraguai e disse esperar que o país “alcance a sua solução”. “O tempo pode curar. As eleições estão chegando, e esperamos que elas tragam solução para o Paraguai”.
Venezuela – A Venezuela realizará no domingo eleições presidenciais, em que Hugo Chávez tentará uma nova reeleição após 14 anos no poder. O Conselho Nacional Eleitoral não permite observadores internacionais formais, mas uma missão da Unasul (União das Nações Sul-Americanas) estará no país para acompanhar o processo. O chanceler brasileiro e o assessor especial da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, farão parte da missão. “Esperamos que seja democrático, transparente e ocorra da melhor maneira possível”, disse Patriota.
Chávez enfrenta Henrique Capriles, candidato único da oposição. A Venezuela foi incorporada oficialmente ao Mercosul em julho, em meio à suspensão do Paraguai, único país cujo Congresso não havia aprovado a adesão do novo membro. Almagro havia criticado em entrevista a entrada venezuelana no bloco, dizendo ter sido uma imposição do Brasil.
A declaração causou um mal-estar diplomático, mas, nesta sexta-feira, o chanceler uruguaio recuou. “Estamos fortalecidos. A Venezuela é um sócio estratégico, chave, complementar à economia do Uruguai”, disse Almagro. “Muitas empresas foram revitalizadas por investimentos da Venezuela que é nosso quarto sócio comercial. O ingresso revitaliza e é chave para nós”, avaliou.
(Com agência Reuters)