Ao apresentar a agenda de governo do premiê britânico, Boris Johnson, nesta segunda-feira, 14, a rainha Elizabeth II previu a saída do Reino Unido da União Europeia (Brexit) no dia 31 de outubro, como previsto, e mencionou a execução de um acordo com o bloco que ainda está em difícil debate e distante de ser aprovado pelo Parlamento.
“A prioridade de meu governo sempre foi assegurar a saída do Reino Unido da União Europeia em 31 de outubro”, disse a monarca na Câmara dos Lordes, a câmara alta do Parlamento britânico.
Após o discurso da rainha, os parlamentares britânicos deram início ao debate, que normalmente dura seis dias até a votação. Se for reprovado, o governo usualmente convocaria eleições antecipadas, como afirmou o portal de notícias Euronews. Mas Johnson aparenta não contar com o apoio necessário de dois terços dos membros da Câmara dos Comuns para anunciar um novo pleito.
Britânicos e europeus estão em uma complexa negociação para um acordo de divórcio. Johnson apresentou na semana passada uma contraproposta com a qual busca modificar o ponto de maior conflito: como manter aberta a fronteira entre a província britânica da Irlanda do Norte e a vizinha República da Irlanda — país membro da União Europeia — para não ameaçar o frágil acordo de paz de 1998, que encerrou três décadas conflito violento. O bloco não aprovou a proposta.
Desde o início de setembro, o governo britânico está obrigado a aprovar um novo acordo com o bloco europeu ou pedir a extensão do prazo — o que terá de ser solicitado até o sábado, 19. A União Europeia convocou excepcionalmente o seu Parlamento para uma sessão nesse dia.
O chamado Discurso da Rainha é uma cerimônia que reabre a atividade parlamentar, quando a monarca detalha todos os projetos planejados pelo governo para o próximo período legislativo. Desde meados de setembro, o Parlamento estava suspenso por conta de uma medida polêmica adotada por Johnson.
Os planos do governo incluem um esboço do sistema de imigração pós-Brexit proposto por Johnson, reformas na justiça criminal, mudanças na assistência à saúde e uma promessa de investir mais recursos públicos para estimular o crescimento. Mas o futuro político de Johnson e sua capacidade de efetivar qualquer item da agenda são bastante incertos. Ele governa com minoria e não foi capaz de vencer uma votação sequer no Parlamento desde que assumiu o cargo em julho.
(Com AFP e Reuters)