Paraguai: chanceleres do Mercosul se opõem a sanções
Contudo, os ministros aconselham seus presidentes a suspender país do bloco
Os ministros das Relações Exteriores do Mercosul decidiram na quinta-feira, em reunião na cidade argentina de Mendoza, suspender o Paraguai do bloco até agosto de 2013 devido à destituição de Fernando Lugo da Presidência do país, mas descartaram a aplicação de sanções econômicas. A decisão final sobre como reagir ao impeachment relâmpago de Lugo deve ser tomada nesta sexta-feira pelos presidentes de Brasil, Argentina e Uruguai no marco da cúpula semestral do bloco, da qual Assunção foi excluída.
O chanceler brasileiro, Antonio Patriota, disse que há consenso para suspender o Paraguai em sua participação nos órgãos de decisão e grupo de trabalho da união a partir da aplicação do Protocolo de Compromisso Democrático no Mercosul (1998). “Lamentamos muito esta situação, mas constatamos que não existe uma plena vigência democrática no país”, afirmou o chanceler.
Já o chanceler argentino, Héctor Timerman, ressaltou que Dilma Rousseff (Brasil), Cristina Kirchner (Argentina) e José Mujica (Uruguai) só definirão nesta sexta-feira as medidas a adotar no caso do Paraguai, mas esclareceu que ‘jamais prejudicarão o povo paraguaio’ e descartou a possibilidade de expulsar Assunção do bloco. Após o encontro entre os presidentes, no qual Cristina passará a Presidência rotativa do Mercosul a Dilma, os líderes da União de Nações Sul-americanas (Unasul) se reunirão para analisar a crise política no Paraguai.
Na quinta-feira, o novo chanceler paraguaio, José Fernández, afirmou que seu país ‘é e será membro do Mercosul’ até que se decida o contrário ‘de forma soberana’. Ele se mostrou confiante de que o bloco não aplicará sanções econômicas contra Assunção. Neste contexto, o presidente do Equador, Rafael Correa, antecipou que não reconhecerá o governo de Federico Franco no Paraguai, sem importar o que decidirem o Mercosul e a Unasul na reunião de Mendoza.
Patriota confirmou que o ingresso da Venezuela ao Mercosul como membro pleno faz parte da agenda da cúpula, que teve a presença nesta quinta-feira do chanceler venezuelano, Nicolás Maduro. A entrada da Venezuela está pendente desde 2006 devido à negativa do Congresso paraguaio de ratificar o protocolo de adesão, mas uma eventual suspensão do Paraguai abre incógnitas sobre se isso poderia destravar o processo. “A situação do Paraguai não altera a situação da Venezuela. São dois processos diferentes”, disse Timerman ao ser perguntado sobre este ponto.
(Com agência EFE)