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Papa Francisco diz que kirchnerismo tentou prendê-lo e ‘cortar sua cabeça’

A jesuítas na Hungria, pontífice detalhou longo depoimento que precisou prestar à Justiça devido ao sequestro dos padres Orlando Yorio e Ferenc Jalics

Por Da Redação Atualizado em 10 Maio 2023, 15h41 - Publicado em 10 Maio 2023, 13h11

Em visita a jesuítas na Hungria, o papa Francisco revelou que, enquanto ainda era arcebispo de Buenos Aires, o governo da então presidente (e hoje vice-presidente) Cristina Kirchner deu “indicações” a três juízes para condená-lo por suas ações durante a ditadura do país, que durou de 1976 a 1983.

O diálogo com os padres aconteceu no dia 29 de abril e foi publicado pelo La Civiltá Cattolica, revista dos jesuítas italianos, que passa pelo crivo do Vaticano antes de ser publicano. Aos jesuítas na Hungria, o pontífice deu detalhes de um longo depoimento que precisou prestar à Justiça devido ao sequestro em 1976 dos padres Orlando Yorio e Ferenc Jalics, acusados ​​pelos militares de terem ligações com a guerrilha.

“Alguns do governo queriam cortar minha cabeça, e não levantaram tanto essa questão do Jalics, mas questionaram toda a minha forma de agir durante a ditadura”, disse Francisco.

O então arcebispo Jorge Mario Bergoglio testemunhou no dia 8 de novembro de 2010 sobre o caso, que ainda está investigando as ações militares naquele que era o maior centro ilegal de detenção e tortura. Na época, o jornalista ligado ao kirchnerismo Horacio Verbitsky acusou Bergoglio de ter “entregado”, em seu cargo de superior provincial dos jesuítas, Jalics e Yorio a seus captores.

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Bergoglio disse aos juízes que havia intercedido pelos padres perante o ditador Jorge Rafael Videla e seu vice na junta militar, almirante Eduardo Massera.

“Eles me deram a possibilidade de escolher o local para fazer o interrogatório. Escolhi fazer no Episcopado. Durou quatro horas e dez minutos. Um dos juízes insistiu muito no meu comportamento. (…) No final, minha inocência foi provada”, disse o papa. “No bairro onde eu trabalhava havia uma célula de guerrilha. Mas os dois jesuítas não tinham nada a ver com eles: eram pastores, não políticos. Mas eles foram feitos prisioneiros, sendo inocentes.”

Ainda na conversa com os jesuítas húngaros, o papa revelou que depois que se tornou líder do Vaticano os juízes do caso revelaram que haviam sido pressionados pelo governo para uma condenação.

“Revi aqui, em Roma, como papa, dois dos juízes. Um deles junto com um grupo de argentinos. Não o reconheci, mas tive a impressão de já tê-lo visto antes. Eu olhei para ele e disse a mim mesmo ‘Eu conheço este’. Ele me deu um abraço e saiu. Eu o vi mais uma vez e ele se apresentou. Eu disse a ele: ‘Eu mereço ser punido 100 vezes, mas não por isso’. Veio também outro dos três juízes, e me disse claramente que tinham recebido indicações do governo para me condenarem”, relatou Francisco.

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Em 2013, quando eleito papa, Bergoglio enfrentou críticas na Argentina por não ter feito o suficiente pelos detidos e desaparecidos. Alguns até o acusaram de cumplicidade.

A atuação do então arcebispo durante a década de 1970 faz parte de um estudo que a Igreja Católica realizou sobre centenas de milhares de arquivos que estavam no Episcopado de Buenos Aires e no Vaticano. O padre responsável pela investigação, Carlos María Galli, disse que a Igreja deveria ter “feito mais para evitar tanta matança”, mas negou que tenha havido cumplicidade, acrescentando que os ataques contra Bergoglio foram armados porque beneficiavam o governo da época, se referindo ao período Kirchner.

“Quando o consideravam um adversário, começaram a atacá-lo. Um dos elementos foi reler a história dos dois jesuítas presos em 1976 (Jalics e Yorio) e dizer que Bergoglio os libertou para torná-los vulneráveis. Bergoglio ajudou a salvar pelo menos trinta pessoas”, disse Carlos María Galli.

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