Pandemia nos EUA pode acabar em abril, diz médico da Johns Hopkins
Cirurgião Marty Makary destaca imunidade natural e diz se basear em “dados de laboratório, matemáticos, literatura publicada e conversas com especialistas”
Marty Makary, um médico cirurgião americano e professor da Universidade Johns Hopkins, afirmou que os Estados Unidos podem superar a pandemia do novo coronavírus até o mês de abril, por meio de imunidade natural coletiva, aliada à vacinação. A previsão otimista foi publicada em um artigo de opinião no diário Wall Street Journal.
Makary diz se basear em “dados de laboratório, dados matemáticos, literatura publicada e conversas com especialistas” para afirmar que os Estados Unidos estão a dois meses de alcançar a imunidade natural. Ele ressalta especialmente o fato de o número de casos positivos nos EUA ter diminuído em 77% nas últimas seis semanas e de 15% da população local já ter sido vacinada.
O cirurgião britânico, que leciona políticas de saúde pública na Johns Hopkins, explicou a atuação dos linfócitos T, células com funções imunológicas para respostas antivirais. Ele acredita que a maior parte da população já teve contato com o vírus, sem apresentar graves sintomas, e que foram imunizadas naturalmente.
“O comportamento não melhorou repentinamente durante as férias. Os americanos viajaram mais no Natal do que desde março. As vacinas também não explicam a queda acentuada em janeiro. As taxas de vacinação eram baixas e levam semanas para fazer efeito”, escreve Makarky no artigo.
A imunidade coletiva, também conhecida como imunidade de rebanho, é motivo de controvérsia desde o início da pandemia do novo coronavírus. A taxa é alcançada quando o número de pessoas imunes a uma infecção chega a um nível que freia sua disseminação. Isso pode acontecer de forma natural, quando as pessoas são contaminadas (o que resulta em inúmeras mortes e, portanto, não é recomendável) ou por meio de vacina.
Segundo Makarky, com a combinação dos dois cenários, é possível prever o controle da pandemia em breve. Ele argumenta que muitos médicos e analistas têm receio de falar sobre imunidade coletiva, pois assim poderiam incentivar as pessoas a descumprirem as recomendações de isolamento.
No artigo, o médico ainda cita a cidade de Manaus apesar de capital amazonense novamente enfrentar momento delicado, com o sistema de saúde sobrecarregado e uma nova variante do coronavírus circulando entre a população.
“A imunidade do rebanho foi bem documentada na cidade brasileira de Manaus, onde pesquisadores do Lancet relataram que a prevalência de infecção anterior por Covid-19 era de 76%, resultando em uma redução significativa da infecção. Os médicos estão observando uma nova cepa que ameaça escapar da imunidade anterior. Mas os países onde surgiram novas variantes, como Reino Unido, África do Sul e Brasil, também estão observando quedas significativas nos novos casos diários”, escreveu.
O cirurgião também defendeu a retomada de serviços como as escolas para reduzir os danos das restrições prolongadas. “O planejamento de contingência para uma economia aberta até abril pode trazer esperança para aqueles que estão em desespero e para aqueles que fizeram grandes sacrifícios pessoais”.
A Universidade Johns Hopkins é responsável por um dos mais respeitados levantamentos dos casos de Covid-19. Seus dados mais recentes apontam 110.903.820 milhões de casos da doença e 2.456.069 milhões de mortes. Os Estados Unidos lideram ambas as listas.
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