Alassane Ouattara, reconhecido pela comunidade internacional como presidente eleito da Costa do Marfim, deu prazo a Laurent Gbagbo até a meia-noite para deixar o poder, prometendo que “não haverá contrariedades” se ele se retirar no prazo, disse seu primeiro-ministro, Guillaume Soro.
A missão da Comunidade Econômica de Estados da África Ocidental (CEDEAO), que visitou Abidjan na terça-feira, “pediu sem concessões a Gbagbo que ceda pacificamente o poder”, declarou Soro à imprensa, de um grande hotel de Abdijan transformado em quartel-general do governo de Ouattara.
“Esta missão pediu ao presidente Alassane que dê garantias de que se Gbagbo deixar o poder, não terá problemas”, acrescentou.
Ouattara “deu um prazo” que “expira hoje” (sexta-feira), explicou. Se Gbagbo “deixar o poder antes da meia-noite (00H00 local e 22h00 de Brasília), o presidente da República (Ouattara) cumprirá seus compromissos”, afirmou.
Crise eleitoral – A Costa do Marfim mergulhou numa crise depois que o Conselho Constitucional proclamou a vitória de Gbagbo nas eleições de 28 de novembro, que, segundo a comissão eleitoral e a ONU, foi vencida por Ouattara. No poder desde 2000, Gbagbo foi reeleito presidente com 51,45% dos votos, contra 48,55% de seu rival, segundo resultados definitivos do segundo turno
O Conselho Constitucional, liderado por um amigo do chefe de Estado, invalidou os resultados provisórios divulgados inicialmente pela Comissão Eleitoral Independente (CEI), que dava a Ouattara uma ampla vitória, por 54,1% contra 45,9%. Isso foi feito “anulando” os votos em sete departamentos do norte, sob o controle do ex-movimento rebelde Forças Novas (FN) desde o golpe fracassado de 2002, e onde, segundo o grupo de Gbagbo, as eleições foram “fraudulentas”.
O representante das Nações Unidas na Costa do Marfim, Youn-jin Choi, ameaçado de expulsão do país, se opôs à vitória de Gbagbo. Antes do anúncio dos resultados definitivos, a chapa de Ouattara alertou para um “golpe” de Gbagbo, rejeitando de antemão os anúncios do Conselho. A ONU e as principais missões de observação internacionais consideraram que as eleições foram conduzidas de forma adequada, apesar dos incidentes às vezes violentos.
Eleito em 2000, num pleito controverso do qual foram excluídos o ex-presidente Henri Konan Bédié e Alassane Ouattara, Gbagbo permaneceu no poder em 2005 após o fim do seu mandato, ao invocar a crise decorrente da divisão do país. As eleições chegaram a ser adiadas em diversas ocasiões. Com isto, a Costa do Marfim passou a contar com dois presidentes: Gbagbo, com o apoio do Exército e o controle da televisão, e Outtara, com o suporte da comunidade internacional.
(Com AFP)