Moscou, 12 nov (EFE).- A região separatista georgiana da Ossétia do Sul elegerá no domingo seu novo líder em meio ao apoio da Rússia e as críticas da Geórgia, que acusa o Kremlin de sabotar sua soberania depois de Moscou reconhecer a independência desse território reclamado por Tbilisi.
Na véspera das eleições, a presidente da Comissão Eleitoral Central Bela Pliyeva informou que se espera 25 mil eleitores, incluindo cerca de 18 mil cidadãos que vivem fora desta região e que poderão votar nas embaixadas de Sukhumi (capital da Abkházia, a segunda região separatista georgiana) e em Moscou.
Além disso, disse que seis dos 17 candidatos à Presidência revogaram suas candidaturas a favor de outros candidatos, de maneira que apenas 11 concorrem às eleições.
Os analistas concordam em dizer que a vitória será de Anatoli Bibilov, ministro de Emergências da região, que conta com o claro apoio do Kremlin e a quem a imprensa russa atribui a aspiração de ver a Ossétia do Sul como parte do território da Federação Russa.
Segundo o influente jornal russo ‘Kommersant’, essas especulações apareceram na mídia depois que Bibilov declarou que, a fim de se integrar com a vizinha república russa da Ossétia do Norte, a região deve ‘alcançar seu nível, e o da Rússia’. No entanto, para o embaixador da Ossétia do Sul no Kremlin, Dmitri Medoyev, essas suposições podem ser apenas ‘más interpretações’ da imprensa.
De qualquer maneira, o presidente russo Dmitri Medvedev descartou em maio a possibilidade da adesão da Ossétia do Sul à Federação Russa em um futuro próximo. ‘Não há condições jurídicas para isto’, disse em entrevista ao maior canal estatal de televisão russa.
O jornal russo ‘Nezavisimaya Gazeta’ diz que Bibilov foi imposto por Moscou, enquanto outros candidatos foram propostos pelo presidente da região, Eduard Kokoiti, líder separatista desde 2001, e rechaçados pelo Governo.
Outros candidatos também defendem a independência da Ossétia do Sul da Geórgia e uma colaboração mais estreita com a Rússia, embora as prioridades de seus programas eleitorais sejam diferentes. Vadim Tsjovrebov, que segundo a pesquisa do centro de estudos ‘Ir’ poderia obter 19% dos votos, insiste na necessidade de um brusco impulso econômico para elevar a renda da população.
Já Alla Dzhioyeva, ex-ministra de Educação e líder da oposição que, segundo as pesquisas poderia contar com 11% dos votos, defende uma reforma agrária, a supremacia da lei e reformas institucionais. Bibilov, por sua vez, se coloca como um representante da luta contra a corrupção e defende uma renovação global da região.
Enquanto isso, a Geórgia não reconhece a legitimidade das eleições na Ossétia do Sul e reitera que não se pode levar a sério uma votação em um território ocupado por uma potência estrangeira, Rússia, que desdobrou bases militares em seus territórios.
‘Esse evento, organizado pelo regime separatista, não terá nenhum peso jurídico nem político. As autoridades georgianas não esperam nenhuma consequência dessas eleições, positivas ou negativas’, disse Nino Kalandadze, vice-ministra de Exteriores da Geórgia. EFE