Um boletim de guerra regular montado pela embaixada da Ucrânia nos Estados Unidos mostra os principais números e dados desde a invasão iniciada pela Rússia em 24 de fevereiro.
Segundo o documento, atualizado com alta frequência e publicado nesta quarta-feira, 23, ao menos 121 crianças morreram e outras 167 ficaram feridas desde o início do conflito, de acordo com registros unificados de investigações e fontes locais.
No âmbito do combate, as autoridades ucranianas afirmam que perdas russas já incluem 15.600 soldados, 517 tanques e 101 aeronaves.
Em resposta à pressão russa, operações de defesa continuam nas direções leste, sul e nordeste do país, “incluindo defesas nas cidades sitiadas de Mariupol e Cherniv, e retenção de avanços russos em direção a Kiev”.
Citada nominalmente no documento, a cidade portuária de Mariupol, com cerca de 400.000 habitantes antes da guerra, tem a situação mais grave do ponto de vista humanitário. Autoridades ucranianas estimam que centenas de milhares de moradores estejam presos sob bombardeios e sem acesso a comida, água, energia elétrica e aquecimento.
A metrópole é alvo central na guerra de Vladimir Putin na Ucrânia — fornecendo uma ligação terrestre entre as forças russas na Crimeia, a sudoeste, e territórios controlados pela Rússia ao norte e leste.
Ao todo, segundo a embaixada, 9 milhões de ucranianos foram forçados a deixar suas casas, seja dentro ou fora do país. O número é superior ao usado pela Organização das Nações Unidas, que afirma que mais de 3,5 milhões de pessoas já deixaram a Ucrânia em direção a outros países e outras 6,5 milhões se deslocaram internamente desde o início do confronto. Isso significa que um em cada quatro ucranianos foram obrigados a sair de suas casas devido à guerra.
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Na última segunda-feira, o Kremlin reconheceu que conversas de paz entre Rússia e Ucrânia ainda não renderam progressos significativos. Dentro da situação atual, segundo o porta-voz Dmitry Peskov, ainda não há uma base para uma possível reunião entre o presidente russo, Vladimir Putin, e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
As exigências de Moscou para encerrar a invasão ao país vizinho foram explicitadas recentemente quando Peskov listou as condições para que a Rússia interrompa suas operações militares na Ucrânia. Em entrevista à agência Reuters, Peskov disse que o Kremlin exige que Kiev encerre sua ação militar, mude sua Constituição para a neutralidade, de modo que o país garanta que jamais irá fazer parte da Otan ou da União Europeia, e reconheça a independência das regiões de Donetsk e Luhansk, além de enxergar a Crimeia como um território russo.
Moscou chama sua incursão de “operação militar especial” para desarmar a Ucrânia e desalojar líderes que chama de “neonazistas”. Kiev e seus aliados ocidentais dizem que se trata de um pretexto para uma guerra não provocada contra um país democrático de 44 milhões de pessoas.