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Ortega autoriza entrada de Comissão de Direitos Humanos na Nicarágua

Bispos convocam diálogo entre o governo e forças da oposição; pelo menos 53 pessoas morreram em confrontos com a polícia desde 18 de abril

Por Da redação
Atualizado em 30 jul 2020, 20h20 - Publicado em 14 Maio 2018, 18h49

O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, autorizou a visita da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) para observar a situação no país, abalado por violentos protestos contra o governo que já deixaram cerca de 50 mortos. O consentimento de Ortega à presença da CIDH foi confirmada pelo secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, nesta segunda-feira (14).

“A Nicarágua expressa sua anuência para que, no menor tempo possível, a comissão faça essa visita de trabalho, com o objetivo de observar ‘in loco’ a situação dos direitos humanos no país”, indicou o chanceler nicaraguense, Denis Moncada, em uma carta publicada por Almagro em sua conta no Twitter.

Essa foi uma das condições impostas pelos bispos para instalar, na qualidade de mediadores, um diálogo proposto pelo governo para solucionar a grave crise vivida no país desde que começaram os protestos, em 18 de abril. Pelo menos 53 pessoas morreram, 400 ficaram feridas e cerca de 60 continuam desaparecidas na Nicarágua. Dezenas de negócios e casas foram saqueadas ou queimadas, e há denúncias de detenções ilegais.

Ortega deu o seu consentimento após as fortes pressões exercidas pelos Estados Unidos, pela OEA, por entidades nicaraguenses e pelas crescentes manifestações, nas quais a população pede a democratização do país e a renúncia do presidente.

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“Em uma situação como a vivida pela Nicarágua, é essencial a presença da CIDH como elemento de credibilidade, confiança e esclarecimento” dos atos violentos ocorridos nos protestos, afirmou o especialista em Direito Internacional, Mauricio Herdocia. Também é crucial “para que as partes possam se sentar à mesa de negociação”, apesar de, nos últimos dias, “os acontecimentos terem se agravado”, apontou.

“É um passo positivo, mas é um primeiro passo. Ainda há um caminho longo (a ser percorrido)”, afirmou o ex-chanceler Norman Caldera. “Tenho todas as minhas esperanças nos resultados que possam ser conseguidos pelos bispos em um diálogo antes que o país entre em uma “espantosa” onda de violência”, completou.

Violência

A Conferência Episcopal da Nicarágua (CEN) convocou um diálogo nacional para a manhã de quarta-feira (16) para tratar “o tema da institucionalidade para avançar no caminho da democratização”, segundo o cardeal Leopoldo Brenes, presidente do CEN.

“Depois de ouvir o clamor de uma grande maioria da sociedade e conscientes da gravidade da situação que vivemos no país, e mesmo quando as circunstâncias para esse diálogo não são as mais idôneas, anunciamos o início do mesmo para esta quarta-feira”, anunciou Brenes, que pediu boa vontade às parte envolvidas, para que “possamos chegar a acordos que se traduzam em ações concretas”.

Apesar de Ortega ter aceitado as condições, no fim de semana o governo aumentou a repressão contra os protestos, e as forças de choque enfrentaram os manifestantes na cidade de Masaya, um antigo bastião sandinista no sul, que reivindica a renúncia do presidente.

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Masaya viveu “dias de repressão duríssimos e de violências por parte de grupos paramilitares apoiados pela polícia atacando as pessoas”, disse Augusto Rodríaguez, pároco da cidade. Foi “uma tragédia, um massacre”, repudiou a Comissão Permanente de Direitos Humanos (CPDH).

Protestos

As manifestações continuam nesta segunda-feira: vias foram bloqueadas em pelo menos 43 pontos de 15 departamentos do país, e foram organizados protestos pelos  “autoconvocados”, um movimento sem liderança integrado por setores insatisfeitos com o governo.

Os manifestantes pedem a renúncia do presidente Ortega, ex-guerrilheiro de 72 anos que governou durante a revolução sandinista dos anos 1980 e que retornou ao poder em 2007.

Nesta segunda-feira, os saques continuaram em Masaya, enquanto no município de Sabaco, no centro do país, foi relatado outro enfrentamento de manifestantes com tropas de choque. O conflito teria provocado a morte de uma pessoa e ferido vários manifestantes.

Em Manágua, uma mulher a bordo de uma van passou disparando contra taxistas que protestavam contra a alta do combustível e matou o segurança de um mercado.

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(Com AFP)

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