Opositores sírios condicionaram uma possível negociação com o regime de seu país à renúncia do presidente Bashar al-Assad ou ao fim das “matanças”, enquanto a violência se intensificava nesta segunda-feira nos arredores de Damasco.
As tropas governamentais sírias recuperaram terreno depois de violentos combates próximos a Damasco, enquanto árabes e europeus se preparavam para defender, na terça-feira, no Conselho de Segurança, uma resolução contra o questionado regime de Assad.
A Rússia indicou nesta segunda-feira que o governo da Síria estava disposto a entabular, em Moscou, um diálogo informal com a oposição, mas, pouco depois, o dirigente opositor sírio Burhan Ghaliun descartou negociar enquanto Assad continuar sendo presidente.
“A renúncia de Assad é uma condição para qualquer negociação relativa à transição para um governo democrático na Síria”, disse à AFP, por telefone, de Nova York, o líder do Conselho Nacional Sírio (CNS), que reúne grande parte da oposição.
“Negociar ou se juntar é inconcebível, enquanto a violência aumenta e as matanças e as detenções continuam”, declarou à AFP, Abdel Azim, que lidera o Comitê de Coordenação Nacional para a Mudança Democrática (CCCND), com sede em Damasco.
Os países europeus e árabes têm trabalhado juntos para elaborar um texto que o secretário geral da Liga Árabe, Nabil el Arabi, defenderá na terça-feira na ONU.
Este texto pede apoio internacional ao plano defendido pela Liga e prevê o fim da violência e a transferência dos poderes de Assad a seu vice-presidente antes do início das negociações com a oposição.
Contudo, a Rússia, aliada tradicional da Síria, tem a possibilidade de vetar um projeto aprovado por outros membros do Conselho de Segurança. Moscou negou, até o momento, apoiar o projeto de resolução de europeus e árabes.
A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, e os ministros das Relações Exteriores do Reino Unido e da França, William Hague e Alain Juppé, participarão na terça-feira da reunião do Conselho de Segurança.
Para Clinton, “o Conselho de Segurança deve agir a fim de fazer com que o regime sírio saiba com clareza que a comunidade internacional considera essas ações uma ameaça à paz e à segurança”.
Enquanto isso, na Síria, segundo militantes opositores, a violência alcançou no fim de semana sua maior intensidade desde o começo da mobilização contra Assad, em março de 2011.
Depois dos 80 mortos registrados no domingo, o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), com sede na Grã-Bretanha, garantiu que os combates e as operações das forças de segurança voltaram a acontecer nesta segunda-feira, deixando pelo menos 53 mortos, 35 deles civis.
A organização opositora afirma que as tropas governamentais entraram nesta segunda-feira na cidade de Rankous, 40 km ao norte de Damasco, para retomar o controle de uma zona que mantiveram cercada por seis dias.
Militantes opositores denunciaram que franco-atiradores “disparavam contra qualquer coisa que se movesse” nos subúrbios no leste da capital.
A agência oficial Sana afirmou que um gasoduto foi sabotado nesta segunda-feira por um “grupo terrorista armado” na província de Homs, próximo à fronteira com o Líbano.
A Liga Síria de Direitos Humanos (LSDH) anunciou nesta segunda-feira a execução pelas forças de segurança do fundador da primeira unidade de militares dissidentes do Exército sírio, o coronel Hussein Harmoush.
“Após um julgamento, uma brigada dos serviços secretos executou na semana passada o oficial Hussein Harmoush (…) Foi morto a tiros”, indicou a LSDH em um comunicado.
A “Brigada dos Oficiais Livres”, formada por Harmoush, não confirmou a informação.