Oposição venezuelana critica auditoria de votos ‘fajuta’
Campanha de Henrique Capriles estuda pedir a impugnação do pleito na Justiça
A Venezuela teve nesta segunda-feira mais um capítulo da crise política que se instalou no país após a eleição do presidente Nicolás Maduro. Enquanto Maduro empossou seu novo gabinete, marcado pela divisão do Ministério das Finanças em dois e pela manutenção de peças-chave da equipe do padrinho Hugo Chávez, a oposição criticou duramente a proposta de auditoria da eleição feita pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), chamando a recontagem de “fajuta” e expondo mais uma vez que a política do país está longe de voltar à normalidade.
A oposição afirmou por meio de Ramón José Medina, coordenador da campanha do ex-candidato Henrique Capriles, que não participará de nenhuma auditoria se esta não seguir protocolos técnicos acordados com o CNE quando este aceitou o pedido. “Não vamos participar de auditorias fajutas. Queremos fazer como combinamos, não mudar”, declarou Medina em entrevista coletiva.
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Segundo a coalizão oposicionista, a revisão só é confiável se incluir o cruzamento de dados dos comprovantes eleitorais impressos, atas e cadernos de votação. No sábado, a vice-presidente do CNE, Sandra Oblitas, declarou que o órgão iria fazer uma “auditoria técnica” das atas e, de antemão, afirmou que isso não mudaria o resultado da eleição.
“Acreditamos que a auditoria existe para determinar se os resultados da eleição são válidos”, rebateu em entrevista o coordenador da campanha de Capriles, Ramón José Medina, que admitiu que a oposição estuda pedir a impugnação do pleito na Justiça e já reúne provas para incluir no processo. “Não vamos deixar de exercer nenhum recurso ao qual tenhamos direito”.
Pouco depois, o ex-candidato presidencial Henrique Capriles disse que a auditoria da eleição de 14 de abril precisa incluir o eleitor. Através de sua conta no Twitter, Capriles afirmou que a sociedade venezuelana não vai aceitar “uma farsa”.
Novo ciclo – Discursando na cerimônia que confirmou a manutenção dos ministros Rafael Ramírez na pasta de Petróleos e Energia, Elías Jaua nas Relações Exteriores, Diego Molero na Defesa e Ernesto Villegas na Comunicação, entre outros, Nicolás Maduro disse que inicia um “novo ciclo da revolução bolivariana” e rebateu as acusações de que teria sido derrotado nas urnas e recorrido à fraude eleitoral.
“Precisamos de um novo ciclo de renovação para otimizar todas as forças e dimensões”, afirmou o presidente, dizendo que isto foi uma “orientação de Chávez'” antes de morrer. “Não houve derrota e não haverá derrota, não houve regressão e não haverá regressão do projeto histórico. O que há e vai persistir é a revolução socialista”, defendeu.