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Oposição síria se reúne para elaborar projeto pós-Assad

Grupos opositores classificaram de 'farsa' acordo sobre princípios da transição estipulados pelas grandes potências mundiais após uma reunião em Genebra

Por Da Redação
2 jul 2012, 17h25

Membros da oposição síria tentavam nesta segunda-feira no Cairo, sob a proteção da Liga Árabe, elaborar um projeto comum para o país, em um dia marcado por denúncias da ONU sobre novas violações dos direitos humanos. A reunião de dois dias ocorre após os grupos opositores terem rejeitado, no sábado, um plano internacional que prevê um governo de transição. “Esta é uma oportunidade que não pode ser perdida”, declarou o secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al-Arabi, convocando a oposição a se unir. Nasser al-Qidwa, adjunto do mediador internacional Kofi Annan, também pediu união à oposição. “Não há opção, (esta união) é uma necessidade se a oposição quiser obter a confiança de seu povo na Síria”, disse.

Entenda o caso

  1. • Na onda da Primavera Árabe, que teve início na Tunísia, sírios saíram às ruas em 15 de março de 2011 para protestar contra o regime de Bashar Assad.
  2. • Desde então, os rebeldes sofrem violenta repressão pelas forças de segurança, que já mataram milhares de pessoas no país.
  3. • A ONU alerta que a situação humanitária é crítica e investiga denúncias de crimes contra a humanidade por parte do regime.

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Os ministros das Relações Exteriores de Egito, Turquia, Iraque e Kuwait também estavam presentes. O objetivo é chegar a uma visão unificada sobre o período de transição e o futuro da Síria, segundo Georges Sabra, porta-voz do Conselho Nacional Sírio (CNS). A coalizão, principal grupo da oposição no exterior, participa da reunião. Por sua vez, os rebeldes do Exército Sírio Livre (ESL), força armada de oposição integrada essencialmente por soldados desertores, anunciaram que vão boicotar a reunião, classificando-a de complô e rejeitando qualquer negociação com o regime.

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Os novos esforços são realizados um dia depois de a oposição síria ter rejeitado, classificando de “farsa”, um acordo sobre os princípios de uma transição na Síria estipulados pelas grandes potências mundiais após uma reunião no sábado em Genebra. A chefe dos Direitos Humanos da ONU, Navi Pillay, afirmou nesta segunda-feira que o governo sírio e a oposição são responsáveis por novas e sérias violações aos direitos humanos, incluindo ataques contra hospitais, depois de um encontro com o Conselho de Segurança.

Apelo – Navi fez essas declarações à imprensa depois de ter se manifestado diante dos 15 países membros do Conselho de Segurança. Ela reforçou o seu apelo para que o conflito sírio seja levado ao Tribunal Penal Internacional, já que “há indicações de crimes contra a humanidade”. Ela reconheceu, entretanto, que esta é uma decisão “política”. Segundo Navi, a ONU constatou “graves violações dos direitos humanos” praticadas ao mesmo tempo pelas forças governamentais e pelas da oposição, com ambos os campos responsáveis por “ações contra civis”.

“Há um risco de escalada”, considerou Navi, acrescentando: “O fornecimento de armas ao governo sírio e aos opositores alimenta a violência e é preciso evitar a todo custo uma militarização maior do conflito”. Ela não citou os países que armam os dois campos. Mas é sabido que Rússia e Irã são os principais fornecedores de armas para o regime sírio, enquanto os países do Golfo se declararam preparados para equipar a oposição armada. De acordo com uma cópia de seu discurso no Conselho obtida pela AFP, Navi ressaltou que o conflito na Síria, que entra em seu 16º mês, se torna “cada vez mais interconfessional”.

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Disparos – Helicópteros disparam “cegamente” contra civis em Deir Ezzor, deixando várias vítimas, afirmou Navi ao Conselho. Referindo-se aos observadores da ONU, cujo mandato termina em 20 de julho, considerou que sua “presença no país continua sendo vital”. A missão dos 300 observadores militares desarmados está suspensa devido aos combates. Ao detalhar os crimes de ambos os campos, Navi afirmou que o governo é responsável por ter “bombardeado cegamente as áreas civis, efetuando assassinatos seletivos de partidários da oposição”, assim como atos de tortura, detenções arbitrárias e “ataques contra hospitais e clínicas”.

Do lado da oposição, ela denunciou “assassinatos de pessoas suspeitas de colaborar” com o governo. Ela também indicou que há “informações críveis de que grupos armados tomaram ao menos um estabelecimento médico” para que servisse “a fins militares”. Mais de 16.500 pessoas perderam a vida em episódios de violência na Síria desde o início da revolta contra o regime de Bashar Assad, em março de 2011, anunciou nesta segunda-feira o Observatório sírio de Direitos Humanos (OSDH). Pelo menos 30 pessoas morreram em várias regiões nesta segunda, no momento em que o Exército mantinha seus bombardeios a Homs (centro), segundo fontes opositoras.

(Com agência France-Presse)

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