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Oposição e imprensa oficial síria concordam sobre fracasso de Genebra

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1 jul 2012, 17h38

As grandes potências mundiais chegaram a um acordo na reunião de Genebra sobre os princípios de uma transição na Síria, mas a imprensa oficial e a oposição sírias concordaram neste domingo em chamar o encontro de “fracasso” ou insuficiente, apesar de “alguns elementos positivos”.

O acordo de sábado prevê a formação de um governo de transição, que “poderá incluir membros do atual governo e da oposição e de outros grupos, e deve ser formado com base em um consentimento mútuo”, explicou o emissário internacional Kofi Annan, idealizador da reunião.

Annan afirmou que o futuro do presidente Bashar al-Assad será um assunto das “partes sírias”.

O enviado especial da ONU e da Liga Árabe expressou dúvidas de que os sírios escolham para governá-los dirigentes “que têm sangue nas mãos”.

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A imprensa síria criticou o acordo.

“Nenhuma solução será possível se não estiver baseada no que deseja o povo sírio, fonte de legalidade. Os sírios são capazes de iniciar um diálogo nacional no qual não cabem nem os países vizinhos, nem os países mais afastados, em particular os que estimulam os sírios a se matar”, afirma o jornal do partido governista, Al Baas.

O jornal Al Watan, ligado ao regime, celebrou o fato de o comunicado final da reunião de Genebra não mencionar um cenário de fim de crise parecido com o do Iêmen (saída negociada do presidente) ou o da Líbia (intervenção estrangeira para derrubar o regime).

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Em sua página no Facebook, Burhan Ghalioun, ex-chefe do Conselho Nacional Sírio (CNS), principal coalizão opositora, classificou o acordo de “farsa”.

Ele ironizou o fato de os sírios terem que negociar com “seu carrasco, que não parou de matar, torturar (…) ou estuprar as mulheres” desde o início da revolta, em março de 2011.

Em um comunicado, o CNS indicou que “o povo sírio espera que a comunidade internacional adote medidas mais sérias e eficazes contra este regime” de “comportamento sanguinário”, ressaltando que o acordo não prevê “um mecanismo claro, nem um calendário”.

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“Nenhuma iniciativa será aceita pelo povo sírio sem que ela apele claramente para a saída de Bashar al-Assad e dos tiranos que estão a sua volta”, acrescentou.

Os Comitês Locais de Coordenação (LCC), que organizam a mobilização da oposição síria, denunciaram em um comunicado “os giros obscuros” utilizados no acordo, que permitem ao regime “jogar com o tempo para reprimir o movimento de revolução popular e calar o movimento com violência e massacres”.

O acordo sobre a transição na Síria “é apenas uma versão, apenas diferente na forma, das demandas dos dirigentes russos, aliados do regime de Assad, e que o protegem política e militarmente ante as pressões internacionais”, afirmam.

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O canal Al-Arabiya afirmou que a declaração de Genebra “é a pior tomada de posição internacional já anunciada nas conversações sobre a Síria”.

O vice-ministro iraniano das Relações Exteriores, Hossein Amir-Abdollahian, também considerou que a reunião não foi bem-sucedida, principalmente porque a Síria e “nações (como o Irã), com alguma influência nos eventos nesse país”, não foram convidadas.

Os próprios membros do Grupo de Ação apresentaram divergências na interpretação do acordo. Enquanto os Estados Unidos consideraram que ele abre caminho para a era “pós-Assad”, Rússia e China, aliadas do presidente, reafirmaram que cabe aos sírios decidir seu futuro.

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No total, a violência deixou mais de 120 mortos em todo o país no sábado, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Neste domingo, o OSDH indicou a morte de 43 pessoas, sendo 36 civis, informando que o Exército bombardeava as cidades na periferia de Damasco e um bairro de Homs (centro).

Na fronteira entre Turquia e Síria, a tensão permanece forte depois de a defesa anti-aérea síria ter abatido, em 22 de junho, um avião turco F-4 Phantom no Mediterrâneo, perto da Síria.

O Exército turco anunciou que helicópteros sírios haviam se aproximado da fronteira turca em três ocasiões no sábado, e que um caça turco tinha sido enviado para patrulhar a região.

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