Bombardeios e confrontos esporádicos foram registrados num campo de refugiados palestinos de Yarmouk na capital síria nesta segunda-feira. A situação no local, que está sob ataque de extremistas islâmicos, foi descrita por Chris Gunness, funcionário da Organização das Nações Unidas (ONU), como “além de desumana”. O Observatório Sírio pelos Direitos Humanos, ONG sediada em Londres, informou que desde domingo a Força Aérea síria, fiel ao ditador Bashar Assad, tem lançado várias bombas no campo. O porta-voz do Grupo de Ação para os Palestinos na Síria, Fayez Abu Eid, afirmou que a situação é “catastrófica”.
Extremistas do Estado Islâmico (EI) invadiram o local, que fica ao sul de Damasco, na quarta-feira. O ataque é o mais próximo da capital síria que o grupo terrorista já perpetrou. Autoridades palestinas e ativistas sírios disseram que os extremistas se uniram a um grupo rival, afiliado à Al Qaeda, a Frente Nusra, nas ações no local. Os dois grupos travaram violentos confrontos em outras partes do país, mas parecem estar cooperando no ataque a Yarmouk. Em comunicado, a Frente Nusra informou que tem “posição neutra” no campo de refugiados.
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Segundo Abu Eid, no interior de Yarmouk, onde ainda estão muitos civis que não conseguiram fugir, não há água nem comida. O diretor de Assuntos Políticos da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) em Damasco, Anwar Abdul Hadi, disse que o EI dominava 90% do campo.
Gunness, porta-voz da agência da ONU que apoia os refugiados palestinos, disse em Barcelona, na noite de domingo, que a agência não tem conseguido enviar alimentos ou comboios para o campo desde o início dos confrontos. “Isso significa que não há comida, não há água e há poucos medicamentos”, disse ele. “A situação no campo é além de desumana. As pessoas estão presas em suas casas, há confrontos nas ruas. Há relatos de bombardeios. Isso tem de parar e os civis devem ser retirados”.
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A ONU afirma que cerca de 18.000 civis, dentre eles uma grande quantidade de crianças, não pode sair de Yarmouk. O campo está sob cerco do governo há quase dois anos, o que leva à fome e à proliferação de doenças. Antes do início do conflito na Síria em março de 2011, cerca de 160.000 pessoas moravam no local, das quais apenas 12.000 continuavam no campo na semana passada, segundo dados da OLP.
(Da redação)