A primeira-dama da Ucrânia, Olena Zelenska, pediu ajuda dos líderes mundiais na Assembleia Geral das Nações Unidas nesta quarta-feira, 20, para resgatar as crianças ucranianas deportadas à força para a Rússia, onde supostamente são doutrinadas e privadas de sua identidade nacional.
Falando à margem da Assembleia Geral, Zelenska afirmou que mais de 19 mil crianças ucranianas foram levadas à força para território russo ou partes da Ucrânia ocupadas pelas forças do Kremlin. Até agora, apenas 386 foram trazidos de volta.
“[Os russos] estão dizendo [às crianças ucranianas] que os seus pais não precisam deles, que o seu país não precisa deles, que ninguém está à espera deles”, descreveu Zelenska. “As crianças sequestradas foram informadas de que não são mais crianças ucranianas, mas sim crianças russas.”
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O discurso à Assembleia Geral do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na terça-feira 19, foi mais longe, acusando a Rússia de cometer genocídio.
“Estamos tentando trazer as crianças de volta para casa, mas o tempo passa. O que vai acontecer com elas?”, ele perguntou. “Essas crianças na Rússia são ensinadas a odiar a Ucrânia e todos os laços com as suas famílias são rompidos. Isto é claramente um genocídio”, acrescentou.
A Rússia nega todas as acusações, dizendo, em vez disso, que salvou as crianças ucranianas dos horrores da guerra.
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O Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, emitiu um mandado de prisão contra o presidente russo, Vladimir Putin, sob a acusação de crime de guerra de deportação ilegal de crianças ucranianas. Maria Lvova-Belova, comissária presidencial da Rússia para os direitos da criança, também é alvo de outro mandado por acusações semelhantes.
Segundo a primeira-dama ucraniana, mais de 500 crianças foram mortas desde que a Rússia invadiu o seu vizinho, há mais de um ano e meio, e centenas de outras foram mutiladas ou feridas.
As autoridades da Ucrânia também investigam mais de 230 casos de violência sexual cometida por soldados russos contra civis, incluindo 13 crianças, de acordo com Zelenska – 12 meninas e um menino, sendo que a vítima mais jovem tinha apenas 4 anos na época do crime.