ONU alerta que ataque terrestre de Israel contra Rafah seria um ‘massacre’
Iminente invasão a cidade no sul da Faixa de Gaza pode colocar até 1,5 milhões de civis na linha de tiro; Tel Aviv diz que terroristas se escondem lá
Um alto funcionário das Nações Unidas, o chefe de assuntos humanitários, Martin Griffiths, alertou nesta quarta-feira, 14, que um ataque terrestre de Israel contra Rafah, a cidade mais ao sul de Gaza, poderia levar a um “massacre”. A região, que faz fronteira com o Egito, tornou-se uma espécie de refúgio para os palestinos que foram deslocados do resto do enclave devido à guerra.
Griffiths, numa fala contundente, disse que Gaza já estava sofrendo um “ataque sem paralelo em sua intensidade, brutalidade e alcance”, mas avaliou que as consequências de uma invasão de Rafah seriam ainda mais “catastróficas”.
Segundo ele, mais de um milhão de pessoas estão “amontoadas em Rafah, encarando a morte de frente”, e que nenhuma delas tem “qualquer lugar seguro para ir”. Referindo-se à assistência das Nações Unidas aos palestinos, a autoridade acrescentou que uma invasão israelense “deixaria a operação humanitária já frágil à beira da morte”.
Civis na linha de tiro
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, prometeu prometeu levar a guerra a cabo até a “vitória total”, ou seja, até que o Hamas seja completamente dizimado. Agora, as forças israelenses afirmam que os homens armados do grupo terrorista palestino estão escondidos em Rafah.
Rafah sofreu fortes ataques aéreos israelenses nos últimos dias, que mataram pelo menos 67 pessoas na segunda-feira 12, de acordo com o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas.
Stephane Dujarric, m porta-voz do secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, disse à emissora britânica BBC que ele não recebeu de Israel nenhum plano para a retirada de civis de Rafah. Além disso, afirmou que a organização internacional não auxiliaria o exército israelense numa operação do tipo.
“As Nações Unidas não participarão de nenhum deslocamento forçado de pessoas”, disse ele, referindo-se a um dos crimes de guerra contidos na Convenção de Genebra.
Rafah é uma pequena cidade no sul da Faixa de Gaza, na fronteira com o Egito. Antes da guerra, lá viviam cerca de 250 mil pessoas, mas desde que Israel ordenou que os civis palestinos deixassem suas casas em direção ao sul do enclave, a sua população aumentou para cerca de 1,5 milhões.
Negociações de paz
A forte declaração vinda das Nações Unidas ocorreu ao mesmo tempo em que as negociações para um cessar-fogo entre Israel e o Hamas em Gaza foram retomadas no Cairo, capital do Egito, para onde deslocou-se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta quarta.
Altos funcionários dos Estados Unidos, Israel, Egito e Catar se reuniram ainda na terça-feira, com Tel Aviv sob pressão da comunidade internacional para não invadir Rafah. Por enquanto, segundo o Serviço de Informação do Estado Egípcio, não houve avanços nas conversas.