Onda de calor no Canadá pode ter provocado 500 mortes, diz legista
Província da Columbia Britânica registrou na última semana quase o triplo de mortes repentinas do que a média; idosos são as maiores vítimas
A província da Colúmbia Britânica, no Canadá, registrou 719 mortes “repentinas e inesperadas” na última semana, e cerca de 500 delas podem estar relacionadas à onda de calor que assola o país. “Estamos divulgando esta informação porque acredita-se que o clima extremo na Colúmbia Britânica na semana passada é um fator que contribui significativamente para o aumento do número de mortes”, disse a legista-chefe Lisa Lapointe em comunicado reproduzido pelo The Guardian.
O órgão registra em média 230 mortes repentinas por semana, quase três vezes menos do que os casos reportados entre a sexta-feira, 25, e a quinta-feira, 1º. As autoridades alertaram que levará meses para determinar a causa exata das mortes, mas indicam que o calor desempenhou um papel significativo no aumento dos óbitos, especialmente entre os idosos da província. “Muitas das mortes ocorridas na semana passada foram entre indivíduos mais velhos que vivem sozinhos em residências privadas com ventilação mínima”, informou Lapointe.
No último domingo, 27, a pequena cidade montanhosa de Lytton, na província de Columbia Britânica, tornou-se um dos lugares mais quentes do mundo. No dia seguinte, alcançou a marca de 47,8°C. Na terça, ficou ainda mais quente, e a onda de calor atingiu seu recorde de 49,6°C. Segundo a Environment Canada, o sistema climático da costa oeste do país quebrou 103 recordes de calor nas províncias da Colúmbia Britânica, Alberta, Yukon e Territórios do Noroeste desde o início da semana.
O noroeste dos Estados Unidos, onde temperaturas tendem a não ser tão quentes, também registrou recordes e uma série de fatalidades: conforme divulgado pela emissora NBC, foram 79 mortes relacionadas ao calor em Oregon e 30 em Washington.
O clima extremo, batizado como “domo de calor”, foi causado por uma onda de ar quente de alta pressão que se estende da Califórnia aos territórios árticos. O fenômeno chegou a derreter geleiras e desencadeou um “terremoto de gelo” de magnitude 2,7 no Alasca, que atingiu 33,3°C na terça-feira.
O primeiro-ministro da Colúmbia Britânica, John Horgan, disse que a semana mais quente que a província já teve levou a “consequências desastrosas para famílias e comunidades”. O número de fatalidades relacionadas ao calor tende a aumentar, já que algumas áreas dizem que responderam a incidentes de morte súbita, mas ainda precisam comparar os números.