Nova York, 16 jan (EFE).- O movimento Occupy Wall Street completa nesta terça-feira quatro meses de protestos e, apesar de ter sido removido da praça no coração financeiro de Nova York, segue disposto a intensificar suas ações com a proximidade das eleições de novembro.
‘Já se passaram quatro meses e seguimos aqui, embora queiram nos tirar. Mas, os objetivos que perseguimos nos mantêm unidos e com forças para seguir combatendo’, afirmou nesta segunda-feira à Agência Efe Mark Bray, um dos porta-vozes do movimento.
Desde o último mês de setembro, 2 mil protagonistas desta particular queda-de-braço contra os ‘excessos’ das grandes corporações já passaram pelas prisões depois de confrontos com a Polícia, os quais foram marcados pela tomada da ponte do Brooklyn (em outubro) e pela desocupação do acampamento de Zuccotti (em novembro).
Quatro meses depois, as denúncias contra as desigualdades nos EUA, amparadas nos discursos sobre a luta de classes, segue calando boa parte da população. Segundo um recente relatório do Pew Reseach Center, dois terços dos americanos acreditam que a brecha entre ricos e pobres na atualidade é maior que nunca.
‘Enquanto houver 1% tirando proveito e abusando do sistema, aqui estaremos os 99% para elaborar uma resposta’, afirmou Bray, que ressaltou que estão seguindo a maquinaria eleitoral com receio e muita cautela.
Apesar de não apoiarem nenhum candidato, já que os manifestantes querem estar à margem do que consideram a ‘farsa eleitoral’, muitos manifestantes reconhecem que acabarão votando em Barack Obama somente para impedir que um republicano retorne à Casa Branca.
‘Nós não apoiamos nenhum político porque achamos que há outros caminhos para obter as mudanças que buscamos’, assegura Jason Amadi, outro dos organizadores do movimento Occupy Wall Street, que adverte que as reivindicações dos manifestantes serão focadas no debate público.
Neste arranque das primárias republicanas, os manifestantes devem acompanhar de perto que será o candidato que disputará as eleições com Obama. Após ter expandido sua presença para as principais cidades do país, agora os ativistas esperam seguir chamando atenção com diferentes protestos.
Conscientes das críticas recebidas por sua falta de propostas, os manifestantes falam da diversidade de um movimento que prefere seguir organizando ‘ações’ para denunciar as grandes injustiças de um sistema que ‘não funciona’, em vez de pensar qual é o candidato que se aproxima de seus ideais.
Algumas dessas ‘ações’ possuem intenção de manter acesa a chama da ‘primavera árabe’ e ‘ocupar’ novos espaços, embora não descartem uma possível volta para a Praça Zuccotti, que já amanheceu sem cercas policiais na última semana.
Nesta semana, os manifestantes também pretendem homenagear o líder do movimento dos direitos civis, Martin Luther King, verdadeira fonte de inspiração para os manifestantes. No dia primeiro de maio, dia dos trabalhadores, o Occupy Wall Street também deverá articular ‘algo grande’.
Sobre o futuro do movimento, as respostas são difusas, porém, possuem um denominador comum: a luta vai continuar.
‘Nós vivemos aqui e agora’, assegura Bray, enquanto Amadi diz que o importante não é que acontecerá com Occupy Wall Street, mas com o destino da humanidade.
Transformados em ‘Personagem do Ano’ pela revista ‘Time’, os manifestantes do Occupy Wall Street resistiram ao inverno e atualmente seguem atentos à agenda pública. Segundo Bray, o Occupy Wall Street seguirá ativo. EFE