O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu aos líderes palestino, Mahmoud Abbas, e israelense, Benjamin Netanyahu, que aproveitem a oportunidade das negociações que se iniciam hoje em Washington para conseguir a paz no Oriente Médio.
“Estou esperançoso. Com certa cautela, mas esperançoso”, disse Obama. Depois de se reunir separadamente com os dois líderes, o presidente americano afirmou que ambos “querem a paz”.
Obama protagonizou ontem um dia intenso de reuniões bilaterais com a participação de outros líderes do Oriente Médio, o rei Abdullah II da Jordânia e o presidente egípcio, Hosni Mubarak, quem pode acolher no Egito a próxima rodada de negociações diretas.
O dia terminou com um jantar de trabalho na Casa Branca. Hoje será a reabertura oficial das negociações diretas, que serão retomadas com uma reunião trilateral, com participação da secretária de Estado americana, Hillary Clinton.
Durante a quarta-feira, Obama deixou claro que o encontro de hoje é “uma oportunidade que deve ser aproveitada”, que deve servir para “resolver todas as divergências” e conseguir a solução que estabelece o Mapa de Caminho, a formação de um Estado palestino que conviva em paz e segurança com Israel.
Sobre a mesa da negociação destacam-se dois grandes obstáculos: o ataque de terça-feira, no qual morreram quatro israelenses, atribuído ao Hamas; e a moratória para a construção de novos assentamentos na Cisjordânia, que expira no próximo dia 26.
Israel quer que o eventual acordo de paz inclua a melhora nas condições de segurança, enquanto os palestinos pedem que a moratória seja prorrogada, tal como indicou hoje o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas.
“O assunto dos assentamentos é fundamental para o sucesso das negociações. Tudo depende da seriedade dos israelenses”, disse Nabil Abu Rudeineh, assessor do líder palestino, que participou da reunião entre Obama e Abbas na Casa Branca.
No entanto, Abbas comunicou ao líder americano seu compromisso com um “processo de paz sério e genuíno, com um parceiro israelense sério”, acrescentou o assessor.
Por sua vez, o primeiro-ministro israelense chegou a Washington disposto a se comprometer com as negociações de paz e a “resolver de uma vez por todas” o conflito com os palestinos.
“Vim aqui para encontrar um compromisso histórico. Presidente Abbas, o senhor é meu parceiro para a paz. Depende de nós superar o agonizante conflito entre nossos povos e fazer um novo começo”, declarou Netanyahu, em discurso prévio ao jantar de trabalho.
O primeiro-ministro de Israel não mudou de ideia em buscar a paz, mesmo após o ataque desta terça-feira, no qual morreram quatro israelenses – que horas antes havia condenado duramente. “Estou preparado para percorrer o caminho da paz, porque sei o que a paz significa para nossos filhos e nossos netos”.
No entanto, Netanyahu exigiu que, caso Israel se retire dos territórios ocupados, eles não caiam em mãos dos inimigos da paz.
“Abandonamos o Líbano e o terror se apoderou. Deixamos Gaza e o poder se apoderou. Queremos ter certeza de que os territórios que entreguemos não caiam em mãos da influência do Irã e que (este país) dirija seus ataques contra Israel”, disse Netanyahu.
“É por isso que os acordos de paz precisam ser acompanhados de acordos de segurança, que superem o passar do tempo e os muitos desafios que temos pela frente”, acrescentou.
Obama quis dar um impulso às negociações, encorajando as duas partes a deixarem de lado suas diferenças e a desconfiança. “O status quo atual não é sustentável” para o Oriente Médio nem para o mundo, preconizou o presidente americano.
Segundo ele, os Estados Unidos serão “parte ativa e substancial” das negociações, mas “não imporão” uma resolução. “Os Estados Unidos não podem impor soluções e não podemos desejá-las mais que as próprias partes”, destacou.
O presidente americano reiterou a posição americana de manter uma solução de dois Estados, que acabe com a ocupação israelense dos territórios palestinos iniciada em 1967 e permita a criação de um Estado palestino que conviva em paz e harmonia com Israel e com os demais países vizinhos.
(com Agência EFE)