Nova coalizão de governo da Itália é aprovada por filiados do M5S
O antissistema Movimento 5 Estrelas e o Partido Democrático, de centro-esquerda, prometem aumentar os gastos públicos
A coalizão do Movimento 5 Estrelas (M5S) com o Partido Democrático, na Itália, foi aprovada nesta terça-feira, 3, por 79,3% dos filiados do M5S, em votação na plataforma eletrônica da legenda. Vencida essa etapa, o primeiro-ministro, Giuseppe Conte, poderá formar seu governo de aliança entre uma legenda antissistema e outra de centro esquerda.
Segundo o jornal italiano La Reppublica, o novo governo deverá apresentar-se nesta quarta-feira, 4, ao presidente da Itália, Sergio Mattarella, e fazer seu juramento.
O líder do M5S, Luigi Di Maio, considerou a crise política superada, segundo o jornal The Guardian. A turbulência foi causada pela decisão do presidente do partido de extrema direita Liga, Matteo Salvini, de romper a coalizão com o M5S, que sustentava o governo. Salvini era vice-primeiro ministro e conduzia também o Ministério do Interior. Agora, será um ferrenho opositor, no Parlamento.
“Este governo não vai durar muito, nós vamos recuperar o país”, declarou Salvini.
A nova coalizão de governo publicou uma lista de prioridades na qual se comprometem a valer-se dos gastos públicos para estimular a economia. A Itália enfrenta uma série crise fiscal e é dona da segunda maior dívida pública entre os países da União Europeia, que exige a estabilização das contas. O M5S e o PD apelam por maior flexibilidade de Bruxelas na aplicação das rígidas regras orçamentárias europeias.
Segundo o Guardian, ambos os partidos concordaram com a criação do salário mínimo e o aumento dos gastos com educação, pesquisa e bem-estar social. Também prometeram que o imposto sobre vendas não será aumentado e que será criado um banco público de fomento.
A votação dos 117.194 filiados do M5S se deu por meio da plataforma Rousseau, uma homenagem ao filósofo iluminista e autor do célebre Do Contrato Social. Criada em 2016, esse sistema eletrônico permite ao partido consultar seus membros diretamente para a tomada de decisões. Segundo o Guardian, houve tentativas de ataques de hackers durante a votação.
Com a consolidação do novo governo, a Itália se torna o primeiro país sob influência da extrema-direita a mudar de curso nos últimos anos. Ao romper a aliança com o M5S, o populista Salvini calculava que Sergio Mattarella convocaria imediatamente eleições parlamentares e o alçaria ao posto de primeiro-ministro. Mattarella, ao contrário, iniciou negociações para a formação da nova coalizão.
Salvini, porém, continua a ser um dos políticos mais populares da Itália e deverá fazer uma difícil oposição ao novo governo. Mas uma pesquisa publicada na segunda-feira 2 pelo jornal Corriere della Sera mostrou que o apoio à Liga caiu de 35,9%, em julho, para 31,8%. O M5S conquistou sete pontos porcentuais e chegou a 24,2%. O PD tem apoio de 22,3% dos eleitores.