Noruega prende ‘pesquisador brasileiro’ acusado de espionagem para Rússia
De acordo com agência de inteligência nacional, homem na verdade é russo e estava usando documentos falsos para investigar segurança do país
A agência de segurança doméstica da Noruega disse que prendeu um brasileiro sob suspeita de ser um espião russo nesta terça-feira, 25. O homem diz ser um pesquisador da Universidade de Tromso, no norte do país, segundo o jornal britânico The Guardian.
Em entrevista à emissora de televisão pública NRK, o vice-chefe do serviço de segurança da polícia, Hedvig Moe, disse que solicitou às autoridades que o brasileiro seja expulso da Noruega porque acredita que ele representa uma ameaça aos interesses nacionais fundamentais.
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“É possível que ele possa ter adquirido uma rede e informações sobre a política norueguesa no norte. Mesmo que isso não seja uma ameaça à segurança do reino, estamos preocupados que possa ser mal utilizado pela Rússia”, explicou Moe.
De acordo com a NRK, os investigadores acreditam que o brasileiro estava na Noruega utilizando documentos falsos e que trabalhava para um dos serviços de inteligência do Kremlin. Um tribunal local ordenou que ele fosse detido por quatro semanas.
De acordo com a ordem de detenção judicial, o Ministério da Justiça norueguês notificou o suspeito na semana passada depois de acreditar que ele estava “na Noruega a serviço das autoridades russas e pode ser um cidadão russo com documentos brasileiros falsos”.
Embora a polícia não tenha revelado seu nome publicamente, dois trabalhadores que conviviam diariamente com o suspeito disseram que ele foi identificado como José Assis Giammaria.
Segundo a professora de estudos de segurança da universidade, Gunhild Hoogensen Gjørv, ele chegou à universidade em dezembro de 2021 e conseguiu a vaga após pedir para realizar pesquisas em seu departamento, que se concentra na segurança do Ártico.
“Giammaria me enviou um e-mail dizendo que estava interessado em aprender mais sobre segurança no Ártico e foi recomendado por um professor que conheci no Canadá, onde estudou. Fizemos a verificação de antecedentes padrão e ligamos para as referências que ele listou”, disse a professora ao The Guardian.
Segundo informações disponíveis publicamente, o brasileiro se formou no Centro de Estudos Militares, de Segurança e Estratégicos da Universidade de Calgary, no Canadá, em 2018, e não estava oficialmente matriculado na faculdade, mas ajudou a organizar palestras e seminários enquanto trabalhava em sua pesquisa “autofinanciada”.
Um outro colega que também trabalhava próximo de Giammaria disse que ele era uma pessoa muito reservada e contra as redes sociais, comportamento que levantou suspeitas nos professores, além de ter um sotaque que o lembrava do russo.
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Em entrevista ao jornal local VG, seu advogado, Thomas Hansen, negou qualquer irregularidade e disse que seu cliente ainda não entende as acusações.
Vários cidadãos russos foram detidos na Noruega nas últimas semanas, incluindo três homens e uma mulher supostamente tirando fotos, que já foram liberados. Outros três – um com quatro terabytes de fotos e vídeos – foram presos com drones.