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Nobel da Paz, ‘premiê’ de Mianmar defenderá governo acusado de genocídio

Líder da resistência à ditadura no final do século passado, Aung San Suu Kyi é criticada por não condenar ações militares contra minoria muçulmana

Por Da Redação
Atualizado em 9 dez 2019, 20h29 - Publicado em 9 dez 2019, 19h40

Conselheira de Estado de Mianmar, cargo equivalente ao de primeiro-ministro, Aung San Suu Kyi comparecerá à Corte Internacional de Justiça (CIJ), em Haia, nos Países Baixos, na terça-feira, 10. O governo de Mianmar é acusado de cometer genocídio contra os rohingya, um povo muçulmano que habita o litoral norte do país.

Com base na Convenção pela Prevenção e Punição pelo Crime de Genocídio — um tratado internacional que está em efeito desde 1951 e envolve mais de 150 países (dentre eles o Brasil) -, a República de Gâmbia, um país no oeste da África, entrou com um pedido judicial contra Mianmar no início de novembro.

Cerca de 95% da população de Gâmbia, que está a mais de 11.500 quilômetros de Mianmar (pouco menor que a distância entre o Brasil e a Nova Zelândia), é muçulmana, segundo estimativa de 2018 do governo dos Estados Unidos.

Suu Kyi partiu da capital de Mianmar, Naypyidaw, em direção a Haia, no domingo 8. As audiências ocorrem por três dias seguidos, entre a terça e a quinta-feira, 12, e serão transmitidas ao vivo pelo site oficial da CIJ e pela UN Web TV, o canal online das Nações Unidas.

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Este é o primeiro e único processo contra o governo de Suu Kyi, que chegou ao poder em 2015, desde o início da última crise migratória rohingya, iniciada em agosto de 2017. Mais de 740.000 fugiram de Mianmar até julho de 2019, segundo as Nações Unidas. 

As Forças Armadas de Mianmar, conhecidas como Tatmadaw, lançaram uma série de operações ofensivas contra os rohingyas em sua província natal de Rakhine, no litoral norte do país, após militantes do Exército de Salvação dos Rohingya atacar trinta estações policiais no dia 25 de agosto de 2017.

No primeiro mês de operações, pelo menos 6.700 rohingyas, dentre eles 730 crianças menores de cinco anos, foram mortas, segundo a organização não-governamental Médicos sem Fronteiras. E, de acordo com a ONG Human Rights Watch, mais de 280 vilarejos foram incendiados até abril de 2018.

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Mianmar não tem religião oficial. Mas, de acordo com o censo de 2014, cerca de 90% da população é budista.

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Em 1991, a então militante Suu Kyi foi laureada com o Nobel da Paz pela sua liderança na resistência contra a ditadura militar em seu país, que perdurou entre 1962 e 2011. Suu Kyi, que chegou a ser submetida a 15 anos de prisão domiciliar pela sua luta, serviu de inspiração para a música “Walk On”, da banda irlandesa U2.

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