Nobel da Paz, ex-líder da Mianmar é condenada a mais 6 anos de prisão
Aung San Suu Kyi foi julgada por casos de corrupção apresentados por governo militar, em uma decisão criticada por grupos de direitos humanos
Um tribunal governado por militares em Mianmar condenou a líder deposta Aung San Suu Kyi a seis anos de prisão nesta segunda-feira, 15, depois de declará-la culpada em quatro casos de corrupção.
A ganhadora do Prêmio Nobel da Paz e líder da oposição ao regime militar do país foi acusada de pelo menos 18 crimes, que iam desde corrupção até violações eleitorais, com penas máximas que poderiam chegar a 190 anos de prisão.
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Em resposta, a ativista nega todas as acusações, definidas por ela como “absurdas”. Suu Kyi foi condenada nesta segunda por usar indevidamente o dinheiro da Fundação Daw Khin Kyi, uma organização voltada para a promoção da saúde e educação, para construir uma casa e arrendar terras de propriedade do governo com desconto. A líder da oposição já havia sido condenada a outros 11 anos de prisão em outros casos e cumpre pena na capital.
Mianmar está em crise desde o ano passado, quando os militares deram um golpe para derrubar o governo eleito liderado pelo partido de Suu Kyi, iniciando uma repressão mortal à oposição. De lá para cá, dezenas de milhares de pessoas foram presas, torturadas, espancadas ou mortas, em uma situação que as Nações Unidas chamam de crimes contra a humanidade.
Em resposta às violações, a comunidade internacional impôs uma série de sanções aos militares e considerou os julgamentos secretos da ativista como uma farsa.
“É um ataque maciço contra seus direitos e parte da campanha tem como objetivo enterrá-lo para sempre”, disse o vice-diretor da Human Rights Watch para a Ásia, Phil Robertson, em referência ao partido deposto Liga Nacional para a Democracia.
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O porta-voz do governo militar, Zaw Min Tun, ainda não comentou sobre a nova condenação de Suu Kyi, mas já disse anteriormente que a condenação segue o devido processo através de um Judiciário independente, completando que as críticas estrangeiras soam como uma interferência a assuntos internos do país.
Em julho, o governo militar de Mianmar já havia executado quatro ativistas pró-democracia após acusações de terrorismo em um julgamento que foi condenado pela ONU e por grupos de defesa dos direitos humanos.
O proeminente ativista Kyaw Min Yu, mais conhecido como Ko Jimmy, e o ex-congressista da Liga Nacional para a Democracia Phyo Zayar Thaw foram executados, juntamente com Hla Myo Aung e Aung Thura Zaw, informou o Global New Light of Myanmar, sem detalhar a data.
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As mortes marcaram as primeiras execuções judiciais no país em três décadas. Casos civis foram julgados em tribunais militares com procedimentos fechados ao público desde que os militares tomaram o poder. Organizações estrangeiras dizem que esses tribunais militares secretos negam a chance de um julgamento justo e são projetados para condenações rápidas, independentemente das evidências.