Nikki Haley, ex-governadora da Carolina do Sul e última rival republicana de Donald Trump nas eleições, anunciou nesta quarta-feira, 6, sua desistência da corrida pela Casa Branca. A decisão ocorre após o ex-presidente acumular vitórias acachapantes em todo o país durante a Superterça, e ao que tudo indica ele será nomeado candidato oficial do Partido Republicano para disputar o pleito de novembro contra o presidente democrata Joe Biden.
Ela comunicou o fim da campanha à imprensa em Charleston, na Carolina do Sul, após perder 14 das 15 disputas da Superterça para o rival republicano. Durante o discurso, Haley explicou que a decisão de competir pelo comando da Casa Branca foi baseada no “amor” que sente pelo país e que estava “cheia de gratidão pela manifestação de apoio”, mas havia tomado a decisão de abandonar a corrida eleitoral.
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Sem apoio a Trump
A ex-candidata adiantou que continuaria a usar sua voz para endossar causas em que acredita, definindo como “um imperativo moral” o apoio aos “aliados na Ucrânia, Israel e Taiwan”. Ao mesmo tempo, defendeu que o recuo da ajuda americana aos países provocaria “mais guerra, e não menos” — em fevereiro, Trump usou as redes sociais para bradar que “só um tolo, ou um democrata de esquerda radical” votaria a favor do “horrendo” pacote de US$ 95 bilhões que prevê remessas aos três países. O montante foi aprovado pelo Senado, mas está bloqueado na Câmara, controlada pelos republicanos.
Haley também não endossou a campanha de Trump. Ela se limitou a parabenizá-lo e dizer “boa sorte” na disputa contra Biden, mas acrescentou que deseja “felicidade a qualquer um que seja o presidente dos Estados Unidos”. Fechou o discurso citando a ex-primeira-ministra do Reino Unido, Margaret Thatcher, um de seus ídolos: “Nunca siga a multidão. Sempre decida por si mesmo”. Em seguida, orientou Trump a “conquistar” os eleitores que, durante as primárias, escolheram apoiá-la, e não a ele.
Comitê Nacional Republicano
Após a desistência, o Comitê Nacional Republicano (CNR) parabenizou Trump por arrematar o posto de “presumível candidato republicano à presidência dos Estados Unidos”. Em nota, a presidente do CNR, Ronna McDaniel, elogiou a “enorme” vitória do ex-presidente nas primárias e parabenizou Haley por se tornar “a primeira mulher a vencer uma disputa presidencial republicana nas primárias” – ela colheu vitórias em Washington, D.C., e em Vermont.
“O presidente Trump certa vez proporcionou uma economia em expansão, fronteiras seguras, independência energética e a força dos Estados Unidos no cenário mundial, o exato oposto do caos criado por Joe Biden”, disse o comitê. “Os eleitores republicanos falaram em alto e bom som, com margens historicamente grandes, e estamos mais unidos do que nunca para derrotar Biden e os democratas nas urnas em novembro.”
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Resposta de Biden
Em vias de repetir o cenário eleitoral de 2020, Biden não perdeu tempo e sinalizou, na manhã desta quarta-feira, o desejo de conquistar os apoiadores de Nikki Haley. Em comunicado, o democrata aplaudiu a “coragem” da ex-governadora por ser “uma das poucas dispostas a falar a verdade” sobre Trump, em referência ao Partido Republicano. Ele também aproveitou para destacar a proximidade do adversário com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, acusando-o de ser “incapaz de distinguir certo do errado”.
“Trump deixou claro que não quer os apoiadores de Nikki Haley. Quero ser claro: há um lugar para eles na minha campanha”, afirmou. “Eu sei que há muitas coisas em que não concordaremos. Mas nas questões fundamentais da preservação da democracia americana, da defesa do Estado de direito, do tratamento mútuo com decência, dignidade e respeito, da preservação da Otan e da defesa dos adversários americanos, espero e acredito que possamos encontrar um terreno comum entre nós.”