Nicolás Maduro cria vice-ministério de Redes Sociais
Órgão é um dos mais de cem implantados na Venezuela esta semana
O governo da Venezuela oficializou nesta semana mais de cem vice-ministérios criados pelo presidente Nicolás Maduro. Alguns deles chamam a atenção. Como o de Redes Sociais, que ficará sob o comando do engenheiro mecânico José Miguel España Figueroa, e responderá ao Ministério da Comunicação e Informação.
A estreia de España no Twitter foi complicada, com alguns posts publicados nesta terça-feira, antes que a página deixasse de funcionar. Segundo o jornal espanhol El País, em uma de suas primeiras mensagens, o novo vice-ministro afirmou que a missão de sua pasta será “fazer das redes sociais um espaço de paz e inclusão”.
Dado o histórico de perseguição a opositores e à imprensa promovido pelo chavismo, não é difícil imaginar que outras intenções podem fazer parte da lista de tarefas de España e sua equipe. A promoção de conteúdos favoráveis ao oficialismo também deverá ser uma meta do novo vice-ministério.
Leia também:
Maduro cria órgão controlador da economia e rede de notícias obrigatória
Novo plano de governo ameaça criar Constituição paralela na Venezuela
O El País lembra que redes sociais como o Twitter “se converteram na última fronteira da liberdade de expressão na Venezuela” e aquela que o governo não tem como domesticar. Ainda não é uma ferramenta de mobilização, em um país bastante polarizado, mas fonte de críticas que desagradam o oficialismo.
O decreto que criou o vice-ministério de Redes Sociais (e também o de Televisão, o de Rádio e o de Veículos Impressos), publicado no dia 9 deste mês, considera os novos órgãos necessários para “otimizar os resultados e o impacto das políticas, planos, projetos e obras (…) com o objetivo de maior felicidade possível para cada venezuelano”. Destaca ainda a necessidade de aproximação “com organizações do poder popular e seu povo”.
Felicidade – Os 107 novos vice-ministérios estarão sob o comando de 29 ministérios. Carolina del Valle Cestari Vásquez é a nova responsável pelo vice-ministério da Suprema Felicidade, criado em outubro do ano passado por Maduro. Ela substitui o ex-deputado Rafael Ríos, que comandava a pasta responsável por coordenar os programas assistencialistas. Foram esses programas, chamados misiones, que estabeleceram uma dependência concreta entre a população pobre e a figura onipresente do coronel Hugo Chávez.
Leia mais:
Deputados aprovam lei que amplia poderes de Maduro
Acuado, Maduro incentiva a criação de ‘milícias operárias’
As misiones, que incluem desde cooperativas até a alfabetização de adultos, são vinculadas diretamente ao presidente e consistem basicamente em uma fórmula para distribuir pequenas quantias de dinheiro aos participantes. O dinheiro para sustentar esses programas vem basicamente de dinheiro da PDVSA, a estatal do petróleo.
Ao anunciar a criação do órgão para centralizar o controle das misiones, obviamente, Maduro disse ter inventado a pasta para “honrar a memória de Chávez”, seu mentor político. A nova encarregada da tarefa foi assistente pessoal da primeira-dama Cilia Flores quando Cilia foi presidente da Assembleia Nacional, entre 2006 e 2011. Carolina também foi produtora de um programa do principal canal estatal venezuelano que era o favorito do falecido Chávez – e que saiu do ar depois que a oposição divulgou uma gravação envolvendo o apresentador, Mario Silva, que falava sobre a perversa disputa de poder dentro do chavismo.