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Newtown teve, em 10 anos, só um assassinato

Atirador que matou 20 crianças e seis adultos na escola primária Sandy Hook mudou para sempre a história da cidade, agora mergulhada no trauma

Por Da Redação
15 dez 2012, 09h05

“O mal visitou esta comunidade”, afirmou o governador do estado, Dan Malloy

A pequena Newtown, onde, na sexta-feira, um atirador matou 26 pessoas em uma escola, era considerada uma localidade pacífica. Na década passada, foi registrado somente um homicídio na cidade, um enclave cercado de florestas na região da Nova Inglaterra, nos Estados Unidos. Newtown foi fundada em 1705 e, com 27.000 habitantes residentes de casas baixas, ainda conserva o caráter rural. Isso explica o porquê de muitos dos moradores da cidade conhecerem crianças ou funcionários da escola primária Sandy Hook, o cenário da tragédia.

Newtown se preparava para as festas de fim de ano enfeitada com luzes brancas e uma grande árvore decorada por seus habitantes, que não conseguem entender como um crime de tamanha violência aconteceu na cidade. “A vizinhança aqui é tão tranquila que eu não tenho medo de nada, não é como o Brooklyn ou New Heaven”, disse Kennedy Brito, pai brasileiro que vive há mais de uma década na vizinha cidade de Danbury e que se pergunta agora onde seu filho poderá estar seguro se não no colégio.

Na sexta-feira, pouco depois das 9h, a Polícia de Newtown recebeu uma chamada de emergência desconhecida na história recente da cidade. Tratava-se de um tiroteio no colégio Sandy Hook, no qual estudam 600 alunos com idades entre 5 e 10 anos. Foram mortos seis adultos e 20 crianças.

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Com a maior parte dos acessos bloqueados pelas autoridades, vários helicópteros sobrevoando a cidade e dezenas de bombeiros, agentes da Polícia e jornalistas em suas ruas, Newtown não é mais a mesma. O governador do estado, Dan Malloy, afirmou que “o mal visitou esta comunidade”.

Depois do massacre, a cidade está mergulhada na dor. Na sexta-feira, centenas de habitantes de Newtown se reuniram na igreja St. Rose of Lima para rezar pelas vítimas do massacre. Localizada a apenas alguns quilômetros do local da tragédia, a igreja ficou completamente lotada durante a vigília e muitas pessoas acabaram se acomodando do lado de fora, carregando velas e rezando em silêncio pelos mortos. “Temos vinte novos santos hoje. Temos vinte belos anjos”, afirmou, emocionado, o monsenhor Robert Weiss durante a missa.

Além do governador de Connecticut, Dannel Malloy, diversos parentes de crianças que sobreviveram ao ataque também compareceram à vigília. “Nós estamos aqui pelas famílias. E não será apenas por esta noite, será por quanto tempo for necessário para que eles chorem pelas vítimas, e para que saiam do luto e voltem ao normal. Embora eu não veja como isso será possível após algo assim”, afirmou Kenneth Adams, um dos moradores de Newtown.

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Atirador – O ataque que chocou a pacata cidade de 27.000 habitantes aconteceu na manhã de sexta-feira. Armado com duas pistolas e um rifle semiautomático, um homem abriu fogo na escola primária de Sandy Hook, matando vinte crianças e seis adultos, em um dos piores massacres da história dos Estados Unidos.

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A polícia ainda não divulgou o nome do atirador, mas a imprensa americana, citando fontes ligadas à investigação, identificou o suspeito como Adam Lanza, de 20 anos. Mais cedo, emissoras haviam informado equivocadamente que Ryan Lanza, irmão mais velho de Adam, seria o responsável pelo ataque. A confusão teria se dado pelo fato de Adam estar com os documentos do irmão no momento do crime. Na noite de sexta, Ryan prestou depoimento para a polícia.

Entre as crianças vítimas do ataque, 18 morreram no local e duas, depois de serem levadas ao hospital. Todas tinham idade entre 5 e 10 anos. Os corpos dos seis adultos também foram encontrados na escola, além do corpo do próprio atirador, que cometeu suicídio após o massacre. A diretora da escola, Dawn Hochsprung, está entre as vítimas.

Fontes policiais ouvidas pela imprensa americana indicam que, antes de dirigir até o local do crime, Adam Lanza assassinou a própria mãe na casa onde ela morava. Identificada como Nancy Lanza, a mãe do suspeito trabalhava como professora na escola e era a dona das armas usadas pelo atirador no massacre – todas compradas legalmente.

“O caso ainda está sendo investigado, a cena de crime não é simples. Há muito trabalho pela frente para que possamos passar informações de forma precisa. Vamos passar a noite inteira fazendo isso”, disse Paul Vance, porta-voz da polícia de Connecticut.

Escola primária em Newtown, Connecticut
Escola primária em Newtown, Connecticut (VEJA)
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Massacre – Quando entrou na escola, que fica na região nordeste dos Estados Unidos (a aproximadamente 100 quilômetros da cidade de Nova York), o atirador portava três armas: duas pistolas de 9 milímetros, uma Glock e uma Sig Sauer, e um rifle Bushmaster semiautomático calibre 223. Ele também estaria usando roupa camuflada e um colete a prova de balas.

O atirador concentrou o ataque em duas salas de aula e mostrou uma precisão assustadora durante o massacre. De acordo com o jornal New York Times, apenas uma pessoa ficou ferida. Todas as outras vítimas atingidas pelos disparos morreram. Enquanto isso, professores e alunos viviam momentos de pânico no resto da escola, procurando refúgio embaixo de carteiras e dentro de armários. Testemunhas relataram que cerca de cem tiros foram disparados no ataque.

A polícia recebeu o aviso sobre os tiros pouco após o início das aulas desta sexta-feira, por volta das 9h40 da manhã, no horário local. Os alunos da escola Sandy Hook, de entre 5 e 10 anos de idade, foram escoltados para fora do prédio pelos professores.

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Pronunciamento – O presidente Barack Obama fez um pronunciamento emocionado na tarde de sexta e lamentou o ocorrido. “Não há palavras para aplacar essa dor”, disse o presidente. Obama também relembrou outros ataques ocorridos neste ano e disse que “uma ação deve ser tomada para evitar que esse tipo de tragédia volte a ocorrer”.

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Testemunhos – Uma aluna de 8 anos de idade contou à rede de TV WCBS que estava a caminho da sala da administração quando viu o atirador. “Vi alguns tiros passando pelo corredor e, então, uma professora me puxou para sua sala de aula”, disse a menina. Seu pai, Stephen Delgiadice, afirmou que a filha está bem. “É alarmante, especialmente em Newtown, que sempre pensei ser o lugar mais seguro na América”, disse.

Lisa Bailey, outra residente de Newtown que tem três filhos em idade escolar também se surpreendeu bastante com o incidente. “Newtown é uma cidade tranquila. Eu nunca esperaria que isso acontecesse aqui. É tão assustador. Nossos filhos não estão seguros em nenhum lugar.”

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Outros casos – O ataque à escola de Newtown já é um dos maiores da história americana. Só este ano, foram sete ataques a tiros em diferentes regiões do país. Em um dos casos mais recentes, um atirador abriu fogo em um shopping center do Oregon, matando duas pessoas, e depois se suicidou. O pior ataque ocorreu em julho em uma sessão da meia-noite de um filme de Batman, no Colorado, que matou 12 pessoas.

O caso com o maior número de mortos da história dos Estados Unidos ocorreu em abril de 2007, na Universidade de Virginia Tech, em Blacksburg, no estado de Virgínia. Cho Seung-Hui, um aluno da universidade, matou 32 pessoas antes de se suicidar.

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(Com EFE e AFP)

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