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Néstor Kirchner – a história de um populista

Da militância na juventude peronista à presidência - e ao poder nos bastidores do governo de sua mulher - a trajetória de um político cujo legado para a Argentina é o atraso

Por Da Redação
27 out 2010, 19h28

O ex-presidente argentino Néstor Kirchner, morto nesta quarta-feira, iniciou sua carreira política ainda como estudante, na Universidade Nacional de La Plata – quando começou a militância na Juventude Peronista. Em 1975, ano anterior ao início da ditadura argentina, casou-se com Cristina. em seguida formou-se em direito e conseguiu seu primeiro cargo administrativo em 1987, quando foi eleito prefeito de Río Gallegos. Quatro anos depois, chegou ao cargo de governador da província de Santa Cruz, com 61% dos votos, e foi reeleito ao posto, o qual lhe garantiu projeção nacional.

Com apoio do então presidente Eduardo Duhalde, Kirchner se candidatou e venceu as eleições presidenciais de 2003. Logo que tomou posse, em maio, a Argentina se viu mergulhada em uma das piores crises de sua história. Para alguns, ficou em sua biografia o mérito de ter estabilizado o país. Na verdade, a ideia de que a Argentina cresceu a uma média anual de 8% até 2008, graças às políticas iniciadas por ele, é uma ilusão.

Em um país com 60% das exportações compostas de produtos agropecuários, o bom desempenho do PIB no período se deveu aos altos preços dessas commodities – sobretudo a soja – no mercado internacional. Kirchner só se mexeu para atrapalhar, impondo restrições às exportações agropecuárias, expulsando os investidores estrangeiros e adotando medidas heterodoxas de combate à inflação. O político perdeu a chance de, depois do caos bancário e da crise recessiva de 1999 a 2002, aproveitar o crescimento econômico para consolidar as bases para a recuperação da Argentina.

Medidas equivocadas de Kirchner condenaram ao atraso um país que já foi o mais rico da América do Sul. O governo passou a segurar a inflação valendo-se de pressões sobre os empresários, ameaças de estatização e subsídios. A estratégia acabou espantando os investidores estrangeiros. Além disso, para impedir a alta dos preços da carne no mercado interno, foram impostas restrições à exportação do produto. Sem o estímulo do mercado externo, o investimento na pecuária caiu. A Argentina pode se ver obrigada, num futuro próximo, a importar carne, uma das principais commodities do país.

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Durante o mandato de Kirchner, o governo argentino também passou por mudanças em sua estrutura política. Crítico do liberalismo e líder do Partido Justicialista (PJ), ele se tornou um dos nomes centrais da esquerda populista sul-americana, ao lado de Hugo Chávez. Seu governo foi alvo de denúncias de enriquecimento ilícito.

Sucessão – Em 2007, Néstor Kirchner anunciou que não disputaria a reeleição. Foi sua mulher, Cristina Kirchner, que tomou a frente do país, apesar de ele continuar sendo considerado a verdadeira força política por trás do governo. Era tido como um dos políticos mais influentes da Argentina e um provável candidato a retornar à Presidência nas eleições de outubro do ano que vem.

Mesmo antes de sua morte, nesta quarta-feira, o kirchnerismo estava claramente enfraquecido. Cristina enfrentou fases de grande impopularidade, e o declínio da corrente política foi comprovado nas eleições legislativas de junho de 2009, quando seu partido perdeu nos principais distritos argentinos e não conseguiu maioria parlamentar. Sete em cada dez eleitores votaram contra o governo, o que foi a maior derrota da “Era K”. Em 2010, Kirchner reassumiu a chefia do PJ com a promessa de dirigir o partido para um novo triunfo no pleito de 2011.

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A seguir, os principais fatos da biografia de Kirchner:

Fevereiro de 1950: Nasce em Río Gallegos, capital da província de Santa Cruz

1975: Casa-se com Cristina, com quem teria dois filhos: Máximo, atualmente com 32 anos, e Florencia, hoje com 19

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1976: Forma-se em Direito pela Universidade Nacional de La Plata, onde foi dirigente estudantil. Filia-se ao Partido Peronista

Entre 1987 e 1991: É prefeito de Río Gallegos

Entre 1991 e 2003: É governador de Santa Cruz

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1992: É nomeado presidente do Conselho Provincial do Partido Justicialista e secretário de Ação Política do Conselho Nacional

1993: É escolhido para participar da elaboração da reforma da Constituição Nacional Argentina

2003 a 2007: Ocupa a Presidência da Argentina, até passar o cargo para sua mulher Cristina

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2008: É nomeado presidente do Partido Peronista

2009: É eleito representante da província de Buenos Aires no Parlamento argentino

2010: É nomeado secretário-geral da União de Nações Sul-Americanas (Unasul)

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