A Comissão Eleitoral da Crimeia divulgou nesta segunda-feira o resultado final do referendo sobre a anexação da república autônoma ucraniana pela Rússia. Com todas as urnas apuradas, 96,7% dos participantes votaram a favor da separação sa Ucrânia, informou nesta segunda-feira Mikhail Malishev, chefe da comissão eleitoral local.
Neste domingo, mesmo antes do resultado oficial ter sido divulgado, milhares de pessoas de todas as idades celebravam a anexação, agitando bandeiras da Rússia e da Crimeia. “Obrigado, Putin! Glória à Rússia”, gritava o público em frente ao edifício do governo na praça de Lênin, em Simferopol, capital da Crimeia. Fogos de artifício também foram usados na comemoração prévia à divulgação do resultado final do referendo.
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O parlamento crimeano aprovará nesta segunda em sessão extraordinária os resultados do plebiscito separatista e em seguida se dirigirá ao presidente russo, Vladimir Putin, para que aceite a república ucraniana dentro da Federação Russa. Até lá, a Crimeia será de maneira provisória uma república autoproclamada, da mesma forma que a Transnístria e Nagorno-Karabakh, em virtude da declaração de independência aprovada nesta semana pelo poder legislativo local. Isso permitirá que seus habitantes solicitem passaporte e carteira de motorista russas. Além disso, as autoridades locais devem adotar o rublo como moeda oficial e o fuso horário vigente na Rússia.
Segundo a Comissão Eleitoral, a participação no referendo foi superior a 80% entre os 1,5 milhão de pessoas com direito a voto na Crimeia. “Felizes festas!”, era a frase mais repetida pelos eleitores, que chegavam aos colégios eleitorais bem abrigados e providos de guarda-chuvas, uma vez que o dia foi chuvoso. Na cidade de Sebastopol, que acolhe a base da frota russa no Mar Negro, a participação no referendo alcançou 93%.
A Crimeia foi historicamente parte da Rússia até que a União Soviética cedeu o território à Ucrânia em 1954, por decisão de Nikita Khrushchev. Moscou, no entanto, manteve no porto de Sebastopol a base de sua frota no Mar Negro. A população em sua maioria fala russo e é favorável à anexação. As minorias ucraniana e tártara, que representam 37% da população, pediram o boicote do referendo.
Reação – Estados Unidos e União Europeia afirmaram que não reconhecerão o resultado do referendo, considerado ilegal pelas autoridades da Ucrânia. Em comunicado, a Casa Branca criticou duramente a ação do governo russo. “Passamos há muito tempo dos dias em que a comunidade internacional se calava quando um país se apoderava à força do território de outro”, afirma a nota. O governo americano classifica a postura de Moscou como “perigosa e desestabilizadora”.
Segundo o conselheiro da Casa Branca Dan Pfeiffer disse em uma entrevista para a emissora NBC, os Estados Unidos apoiam o novo governo da Ucrânia “de todas as maneiras possíveis” e essa relação está no topo da lista de prioridades do presidente Barack Obama. Mesmo assim, uma ajuda de 1 bilhão de dólares prometida ao governo ucraniano ainda está paralisada, em função de um impasse no Congresso americano.
Já a União Europeia deve anunciar nesta segunda-feira uma primeira rodada de sanções à Rússia. Ela inclui o congelamento de ativos e proibição de viagem a uma lista de pessoas do alto escalão e das Forças Armadas – as medidas são semelhantes às já adotadas pelos Estados Unidos e poupam o presidente Vladmir Putin e o chanceler Serguei Lavrov, para não comprometer os canais diplomáticos.
(Com agência EFE)