Multidão reage com fúria a discurso do presidente Mubarak
Vice diz que fará o possível para garantir uma transferência pacífica de poderes
Os manifestantes reunidos na praça Tahrir, no centro do Cairo, reagiram furiosos ao discurso do presidente, Hosni Mubarak, nesta quinta-feira, e pediram que o Exército se una a eles na rebelião. Apesar de todas as apostas ao longo do dia, o ditador anunciou que não renunciará, como exigem os opositores.
Centenas de manifestantes tiraram os sapatos e os agitaram em frente aos telões pelos quais assistiam ao discurso de Mubarak. O gesto é considerado um insulto em sociedades árabes. Os jovens gritaram: “Abaixo Mubarak, saia, saia!”
Outros pediram a convocação de uma greve geral. Este grupo também desafiou o Exército, que mobilizou um grande efetivo para fazer a segurança do local. “Exército egípcio, o momento da escolha é agora: o regime ou o povo!”. Os manifestantes devem voltar às ruas na próxima sexta-feira, início do final de semana no Egito. Normalmente, os bancos e a Bolsa de Valores reabrem do domingo, primeiro dia útil da semana.
Governo – Após o pronunciamento de Mubarak, o vice-presidente do Egito, Omar Suleiman, disse que fará tudo o que for possível para garantir uma transferência pacífica de poderes.
Suleiman afirmou que está comprometido a atender as demandas do povo por meio do diálogo que, segundo ele, já começou. O vice-presidente acrescentou que os egípcios não serão arrastados ao caos nem serão usados como instrumentos para sabotagem. Ele disse que o Exército protegeu a “revolução da juventude”. Mas, pediu aos manifestantes que voltassem para casa e para o trabalho.
Já Mohammed ElBaradei, um dos líderes da oposição, disse que o Egito “irá explodir” se não houver uma mudança política e se o presidente Hosni Mubarak não deixar o cargo. “O exército precisa salvar o país agora”, disse.
Nos Estados Unidos, o presidente Barack Obama vai reunir, ainda nesta quinta-feira, sua equipe de segurança nacional. De acordo com o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, Obama, que passou o dia em viagem para Michigan (norte dos EUA), assistiu a bordo do avião presidencial Air Force One ao discurso à nação de Mubarak.
Durante o dia, pela primeira vez, os opositores do ditador também se voltaram contra Suleiman – que até então estava conseguindo se manter imune às manifestações. Segundo a ONU, pelo menos 300 pessoas morreram e 5.000 ficaram feridas em confrontos durante os protestos que ocorrem no país desde o dia 25 de janeiro. (Com agência France-Presse)