Muçulmanos pressionam Obama para evitar queima do Corão
Os presidentes da Indonésia e do Paquistão lideram a mobilização
O mundo muçulmano decidiu apelar ao presidente americano Barack Obama para tentar evitar a queima de cópias do Corão pelo pastor Terry Jones, da igreja Dove World Outreach, na Flórida. Essa espécie de campanha é coordenada pelos presidentes dos dois maiores países islâmicos, o indonésio Susilo Bambang Yudhoyono e o paquistanês Asif Ali Zardari.
Yudhoyono escreveu à Casa Branca pedindo que Obama intervenha pessoalmente no caso, a fim de evitar “danos irreparáveis” para as relações entre os países do Ocidente e os muçulmanos – o que ameaçaria a paz mundial. “Na carta, o presidente diz que a Indonésia e os Estados Unidos estão construindo uma relação cujos esforços podem se tornar inúteis caso a queima do Corão de fato ocorra”, destacouTeuku Faizasyah, porta-voz do líder. “Há uma profunda preocupação sobre a cerimônia de queima do Corão, pois ela pode espalhar o conflito entre as religiões”, completou.
Zardari, por sua vez, implorou para que os americanos impeçam o que definiu como sendo uma atitude “insensível e vergonhosa”. “Qualquer um que sequer pense em ato tão depreciável deve sofrer algum distúrbio mental ou ter a alma doente”, afirmou, em comunicado. “Isso vai inflamar os sentimentos entre os muçulmanos pelo mundo inteiro e causar danos irreparáveis à harmonia entre as diferentes crenças e também à paz mundial.”
11 de Setembro – Os apelos pessoais dos dois líderes colocam o presidente Obama sob pressão para banir a cerimônia de queima do Corão, marcada para o próximo sábado, 11 de setembro – nove anos após os atentados terroristas que mataram mais de 3.000 pessoas em Nova York e Washington. A igreja Dove World Outreach Center, com sede em Gainesville, Flórida, anunciou que pretende queimar os exemplares do livro sagrado islâmico para recordar as mortes.
Representantes dos governos da Malásia, da Índia e do Kuwait também se manifestaram contra a ação. Mesmo nos EUA, líderes de organizações se declararam contrários à decisão do pastor Terry Jones. Na terça-feira, o general David Petraeus, comandante das tropas dos EUA e responsável máximo pela missão da Otan no Afeganistão, advertiu que a queima do Corão “pode causar problemas significativos” para as forças americanas em países muçulmanos e representa um sério risco para a segurança de soldados e até civis, “não apenas em Cabul, mas em todas as partes do mundo”.
Leia no blog de Reinaldo Azevedo:
“Então os EUA são obrigados quase a se desculpar preventivamente com o ‘mundo islâmico’ – como se ele fosse um só, o que é mentira – porque um cretino anuncia que vai queimar um exemplar do Corão? Por quê? ‘Ah, porque os radicais podem reagir. Bem, então, definitivamente, os EUA e, de certo modo, o mundo se tornaram todos reféns não exatamente do islamismo, mas de sua vertente terrorista, que espalha o pânico.'”