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Mortes aumentam e Síria é pressionada a aplicar acordo árabe

Por Khaled Desouki
20 dez 2011, 14h38

Pelo menos 100 desertores do exército sírio foram mortos ou feridos em novos confrontos nesta terça-feira e a Síria recebeu novas pressões para acabar com a repressão sangrenta de nove meses contra os dissidentes, um dia depois de assinar um plano de paz com os países árabes.

A Liga Árabe informou que uma equipe avançada de observadores vão para Damasco, na quinta-feira, para preparar o terreno para os monitores que fiscalizam o plano de paz, enquanto as potências ocidentais e monarquias do Golfo aumentam a pressão sobre a Síria.

O Observatório Sírio para Direitos Humanos (OSDH) afirmou que três civis também morreram nesta terça, além de militares na província Idlib, no noroeste, no segundo dia de ataques mortais entre tropas leais e desertores.

“Depois dos confrontos que surgiram esta manhã com o exército regular, 100 desertores foram cercados e posteriormente mortos ou feridos entre as vilas de Kafruewed e Al-Fatira” no distrito de Jabal al-Zawia, em Idlib, segundo o Observatório.

“Dezenas de civis, incluindo muitos ativistas, também estão cercados pelo exército sírio em Kafruwed”, segundo comunicado do Observatório, recebido na Nicósia, citando os ativistas em geral.

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O OSDH informou, na segunda-feira, que mais de 70 desertores foram mortos ao tentar fugir de seus postos militares nas cidades de Kansafra e Kafruwed em Idlib.

A organização com sede britânica também relatou que três civis foram mortos a tiros pelas forças de segurança na província de Idlib e na cidade central do conflito, Homs, um dia depois de reportar a morte de 40 civis.

E pediu ao chefe da Liga Árabe, Nabil al-Arabi, para intervir imediatamente para por fim no eventual massacre.

O secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Ben Helli, disse a repórteres no Cairo que “uma equipe avançada (de observadores) iria para Damasco na quinta-feira”.

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A equipe incluirá observadores da segurança, da lei e da administração com especialistas de direitos humanos que devem seguir e serão liderados, pelo assistente do secretário-geral, Samir Seif al-Yazal.

O bloco árabe também nomeou o general Mohammed Ahmed Mustafa al-Dabi, ex-chefe da inteligência militar sudanesa e Ministro do Estado para acordos de segurança, para chefiar a missão, disse Ben Helli.

Depois de semanas de adiamento, a Síria assinou, segunda-feira, um acordo, nas instalações da Liga Árabe no Cairo para permitir observadores como parte de um plano mais amplo para por fim a meses de violência.

Damasco prometeu cooperar inteiramente com os termos do acordo, mas a promessa, aparentemente, não persuadiu muitas potências mundiais.

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Líderes do Conselho de Cooperação do Golfo solicitaram, nesta terça-feira, que a Síria suspenda imediatamente sua “máquina de mortes” bem como, ponha fim ao banho de sangue e “suspenda todos os sinais de conflito armado”.

Os Estados Unidos também expressaram suas dúvidas sobre a Síria ter sido autêntica em suas promessas para permitir os observadores.

“A assinatura de um pedaço de papel de um regime como esse, que quebrou promessa após promessa, significa relativamente pouco para nós”, disse a porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland na segunda-feira.

A Missão de observação é parte de um plano árabe aprovado pela Síria no dia 2 de novembro, que também pede o fim da violência, libertando prisioneiros e a retirada de militares de cidades e distritos residenciais.

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Apesar de assinar o acordo, a Síria não convenceu nem a oposição nem os governos ocidentais que pedem uma ação mais firme da ONU, de que está disposta a transformar suas palavras em ações.

“A violência deve acabar imediatamente, deve haver uma retirada militar, prisioneiros políticos devem ser libertados e o acesso humanitário sem restrições deve ser garantido”, disse o Ministro das Relações Exteriores alemão, Guido Westerwelle.

“Vamos, portanto, julgar o acordo da liderança síria com a Liga Árabe não por suas palavras, mas pelas ações, isto é, pela implantação imediata delas”, acrescentou.

A chanceler Angela Merkel estava “profundamente preocupada” com a violação dos direitos humanos e pediu a Damasco para parar a violência contra civis bem como contra desertores do exército, segundo o governo alemão.

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O Conselho Nacional Sírio disse que a aceitação de Damasco dos observadores era simplesmente uma estratégia para contornar a ameaça do bloco pan-árabe de ir ao Conselho de Segurança da ONU.

“É tudo uma questão de implantação”, disse o embaixador britânico da ONU, Mark Lyall Grant.

O Ministro das Relações Exteriores sírio, Walid Muallen, prometeu inteira cooperação de seu governo com a missão observadora e expressou suas esperanças de que o bloco suspenda as sanções impostas a Damasco mês passado.

“Assinar o protocolo é o começo da cooperação com a Liga Árabe e receberemos bem a missão observadora”, disse Muallen na segunda-feira.

A Síria culpa “grupos terroristas armados” pelo conflito, não os manifestantes pacíficos como sustentado pelas potências ocidentais e ativistas de direitos humanos – e Muallem disse que espera que a missão observadora sustente essa posição.

Na segunda-feira, a Assembleia Geral da ONU aprovou, esmagadoramente, uma resolução condenando os abusos dos direitos humanos na Síria, onde a ONU estima que mais de 5 mil pessoas tenham morrido na repressão desde meados de março.

A Síria, entretanto, introduziu uma lei impondo a pena de morte a qualquer pessoa que forneça armas aos terroristas, conforme informou a mídia estatal nesta terça-feira.

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