Morre Ben Bella, 1º presidente da Argélia independente
Político de 96 anos lutou contra o colonialismo francês no país africano
Morreu nesta quarta-feira em Argel Ahmed Ben Bella, o primeiro presidente da Argélia depois da independência da França em 1962. Ben Bella, de 96 anos, deu entrada no hospital militar Muhammad al Saghir em fevereiro, de acordo com a as informações da agência argelina APS.
Assim que a notícia se espalhou, delegações oficiais começaram a chegar a casa do político.
Histórico – Nascido em Marnia, em 25 de dezembro de 1916, o argelino iniciou sua carreira política em 1945, quando foi designado prefeito da sua cidade natal. Quatro anos mais tarde, Ben Bella começou a se concentrar na luta anticolonialista contra a França e participou da fundação da Frente de Libertação Nacional (FLN).
Em 1962, após quase oito anos de luta armada, o grupo forçou a renúncia de Paris da ocupação do território argelino. Preso diversas vezes por autoridades coloniais, Ben Bella foi posto em liberdade definitivamente em março de 1962 e retornou à Argélia do exílio na Tunísia para dirigir a transição do país.
O político foi eleito presidente por arrasadora maioria nas primeiras eleições do país, em 1963. Ben Bella tentou aplicar uma política de esquerda afastada do comunismo. No entanto, suas ações se desviaram dos padrões democráticos. O governante promoveu a redação de uma constituição à sua medida, assumiu a Chefia de Governo, do Estado e das Forças Armadas, assim como a Secretaria-Geral da FLN, que se transformou em único partido legal.
Destitução – No ano de 1965, Ben Bella foi destituído por um golpe de Estado dirigido pelo coronel Houari Boumédiènne. Desde então, o político viveu afastado dos círculos de poder, embora nunca tenha abandonado a política. Até 1990, Ben Bella viveu no exílio de onde exerceu a oposição ao regime. No seu retorno ao país, poucos meses depois da vitória eleitoral da Frente Islâmica de Salvação (FIS), ele continuou na oposição.
Em 1995, à frente do Movimento da Democracia da Argélia (MDA), assinou com representantes de outras oito formações políticas (o FIS entre elas) o “Acordo de Roma”, uma declaração que buscava encontrar uma solução para a crise da Argélia, imersa em uma guerra civil desde 1991.
Somente em 1999, Ben Bella voltou ao governo como representante pessoal do presidente argelino Abdelaziz Bouteflika, eleito em 1999, que havia sido seu ministro de Esportes no mandato do primeiro presidente da Argélia.
(Com agência EFE)