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Mobilização popular ganha corpo no Cairo; oposição fala abertamente em queda do governo de Hosni Mubarak

ElBaradei está convencido de que ditador acabará renunciando 'para salvar sua pele' e acredita que o Exército egípcio acabará ficando ao lado do povo

Por Da Redação
1 fev 2011, 10h32

A Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, afirmou que 300 pessoas podem ter morrido nos protestos desde a última semana: ‘Peço que evitem de todas as formas possíveis o uso de força contra os manifestantes’

Dezenas de milhares de pessoas já estavam reunidas na Praça Tahrir, no Cairo, na manhã desta terça-feira, atendendo aos chamados da oposição para pedir a queda do presidente Hosni Mubarak, no poder desde 1981. De acordo com líderes dos manifestantes, o objetivo é levar mais de um milhão de pessoas às ruas, para demonstrar força e influência política tanto internamente quanto para a comunidade internacional. “Mubarak renunciará hoje mesmo ou, no mais tardar, na sexta-feira”, apostou o opositor Mohamed ElBaradei. Na manifestação, muitos rezam com os joelhos no asfalto, cantam músicas em que pedem a queda do presidente e seguram cartazes, confiantes.

ElBaradei está convencido de que Mubarak acabará renunciando “para salvar sua pele” e acredita que o Exército egípcio ficará ao lado do povo. “Não acho que vão atirar contra as pessoas, e além disso, disparar para proteger o quê?”, perguntou. Em entrevista ao jornal The Independent, ele afirmou: “É bom senso, ao ver alguns milhões de pessoas que foram às ruas representando 85 milhões de egípcios que odeiam Mubarak, que também queiram que ele saia.” O opositor de Mubarak também criticou os americanos.

De acordo com ElBaradei, causa espanto Washington dizer que espera que Mubarak “introduza reformas democráticas” a essa altura. Ele acha que o governo americano sabe que os dias do presidente egípcio “estão contados”. “Agora as pessoas não dizem mais que Mubarak deve sair. Agora já falam que é preciso julgá-lo. Se ele quer salvar sua pele, o melhor a fazer seria renunciar”, disse. ElBaradei se também se disse indignado pelos saques nas ruas egípcias. “Mas é certo que muitas dessas quadrilhas de criminosos e saqueadores são parte da Polícia secreta”, afirmou.

Vítimas – A Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, afirmou nesta terça-feira dispor de informações não confirmadas de que 300 pessoas morreram nos protestos desde a semana passada, mais do que o dobro do balanço anunciado até o momento. Navi Pillay se declarou “profundamente alarmada com o crescente número de vítimas” no Egito, país que passa por manifestações sem precedentes. Os balanços mais recentes registravam 125 mortes. “O número de vítimas aumenta a cada dia e algumas informações não confirmadas sugerem que 300 pessoas podem ter morrido. Mais de 3.000 teriam ficado feridas e centenas detidas”, afirmou.

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A representante da ONU ainda fez um apelo: “Peço às autoridades egípcias que se assegurem de que a polícia e as demais forças de segurança evitem de todas as formas possíveis o uso da força.” Navi Pillay destacou que o movimento popular no Egito acontece de “maneira corajosa e pacífica”. Ela exortou as autoridades egípcias a “escutar as demandas do povo egípcio a favor das reformas fundamentais para melhorar os direitos humanos e a democracia”.

Exército – Na noite de segunda-feira, um representante do Exército declarou que as Forças Armadas do país consideram as manifestações legítimas e que portanto não reprimiram com violência os protestos desta terça. “Estamos cientes e reconhecemos as reivindicações legítimas de nossos cidadãos”, disse o corpo militar em nota oficial veiculada pela televisão estatal. O Exército já havia sido acionado em meio às marchas, mas não houve repressão. Há relatos de militares confraternizando com os manifestantes.

(Com agências EFE e France-Presse)

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