Missão da Liga Árabe chega à Síria para fiscalizar governo
Observadores vão avaliar se Bashar Assad cumpre acordo que prevê retirada de tropas das ruas, libertação de presos políticos e diálogo com a oposição
Enviados da Liga Árabe chegaram nesta quinta-feira à Síria com objetivo de preparar o envio de monitores para avaliar o cumprimento pelo governo do ditador Bashar Assad do plano de paz definido pelo bloco no mês passado. O acordo prevê a retirada das Forças Armadas das ruas, a libertação de presos políticos e o início de diálogo com a oposição pró-democracia. De acordo com a Liga Árabe, a delegação é formada por doze integrantes, entre os quais estão especialistas financeiros, administrativos e jurídicos. No final do mês, deve chegar um grupo de 150 observadores.
Entenda o caso
- • Na onda da Primavera Árabe, que teve início na Tunísia, sírios saíram às ruas em 15 de março para protestar contra o regime de Bashar Assad, no poder há 11 anos.
- • Desde então, os rebeldes sofrem violenta repressão pelas forças de segurança do ditador, que já mataram mais de 5.000 pessoas no país, de acordo com a ONU, que vai investigar denúncias de crimes contra a humanidade no país.
- • Tentando escapar dos confrontos, milhares de sírios cruzaram a fronteira e foram buscar refúgio na vizinha Turquia.
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Autoridades sírias responderam nesta quinta-feira as críticas de que um massacre tem ocorrido no país, afirmando que mais de 2.000 soldados e policiais já foram mortos em nove meses de distúrbios. A cifra consta em uma carta enviada pelo governo sírio às Nações Unidas, numa tentativa de mostrar que também as forças fiéis ao governo têm sofrido baixas.
Na carta à ONU, que acusa as forças de Assad de um massacre que já deixou mais de 5.000 mortos desde o início da repressão, o governo sírio diz que os “mártires” da polícia e do Exército comprovam a “presença de terroristas na Síria”. Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, organização oposicionista sediada na Grã-Bretanha, mais de 100 pessoas foram mortas nos últimos dias, na véspera da chegada dos primeiros observadores da Liga Árabe.
A Síria alega já ter libertado mais de mil presos desde a assinatura do acordo de paz da Liga Árabe e promete realizar eleições parlamentares no começo de próximo ano. Além disso, Bashar Assad se comprometeu a promover reformas constitucionais, mas a oposição não confia na promessa do ditador e pede sua saída do poder.