Ministra ucraniana acusa Rússia de bloquear resgate de civis em Mariupol
Segundo autoridade ucraniana, cerca de 100.000 pessoas estão 'vivendo como ratos' na cidade enquanto comboio humanitário não consegue retirar moradores
A Ministra de Reintegração de Territórios da Ucrânia, Iryna Vereshchuk, disse nesta quinta-feira, 31, que um comboio de ônibus de retirada de civis que estava a caminho de Mariupol foi retido em um posto de controle russo em Vasylivka, uma cidade entre Zaporizhzhia, controlada pela Ucrânia, e Berdiansk, controlada pela Rússia.
Em entrevista à CNN, a oficial ucraniana acusou Moscou de bloquear o corredor humanitário pelo qual os civis estavam sendo retirados da cidade sitiada.
“Neste momento, eles [os ônibus] estão no posto de controle de Vasylivka, e a Federação Russa novamente não está deixando nossos ônibus passarem”, disse.
Vereshchuk explicou que sua missão é “ajudar as pessoas a sobreviver” e estimou que cerca de 100 mil pessoas – entre elas, mulheres, crianças, idosos e pessoas com deficiência – que precisam de evacuação imediata permanecem na cidade.
A situação de Mariupol, com cerca de 400.000 habitantes antes da guerra, é a mais grave do ponto de vista humanitário desde o início do conflito, em 24 de fevereiro. Autoridades ucranianas estimam que centenas de milhares de moradores estejam presos sob bombardeios e sem acesso a comida, água, energia elétrica e aquecimento.
A metrópole é alvo central na guerra de Vladimir Putin na Ucrânia – fornecendo uma ligação terrestre entre as forças russas na Crimeia, a sudoeste, e territórios controlados pela Rússia ao norte e leste.
Vereshchuk aproveitou a oportunidade para fazer um apelo à comunidade internacional. “Novamente, pedimos que toda a comunidade mundial concentre sua atenção e ajude as pessoas a sair de Mariupol ocupada”, pediu a ministra.
Mais cedo, o vice-prefeito de Mariupol, Sergei Orlov, disse à CNN que civis que ainda não conseguiram sair de Mariupol estão “vivendo como ratos, vivendo no subsolo em abrigos e em abrigos antibombas” e que as pessoas fazem o possível se manterem vivas.
Orlov informou que cerca de 1.500 a 2.000 pessoas deverão deixar a cidade até a sexta-feira. Segundo o vice-prefeito, há “batalhas de rua constantes” na cidade, mas o Exército ucraniano ainda controla o centro da cidade.