O presidente da Argentina, Javier Milei, demitiu nesta quarta-feira, 17, o subsecretário de Esportes, Julio Garro, por ter cobrado um pedido de desculpas público do presidente da Federação Argentina de Futebol (AFA), Claudio Tapia, e do capitão da seleção, Lionel Messi, pelos cantos racistas entoados pelos jogadores enquanto comemoravam a vitória sobre a Colômbia na final da Copa América, na última segunda-feira, 15.
Durante a partida, a torcida argentina bradou uma música com letra considerada racista e homofóbica, que depois foi repetida pelos jogadores em uma live transmitida pelo número 24 da seleção, Enzo Fernández.
“Eles jogam pela França, mas são de Angola. Que bom que eles vão correr, se relacionam com transexuais. A mãe deles é nigeriana, o pai deles cambojano, mas no passaporte: francês”, diziam os versos.
Em meio a críticas, Fernández se desculpou por ter se “deixado levar pela euforia das comemorações”.
“O cântico inclui linguagem altamente ofensiva e não há desculpas para essas palavras. Sou contra todas as formas de discriminação e peço desculpas por ter me deixado levar pela euforia das comemorações da Copa América”, escreveu. “O vídeo, esse momento, essas palavras, não refletem minhas crenças nem meu caráter. Lamento muito.”
A Fifa abriu uma investigação sobre o caso.
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Demissão de Garro
Após o incidente, o subsecretário de Esportes disse ao portal de notícias Corta que “o capitão da seleção nacional deve pedir desculpas, assim como o presidente da AFA. Isso nos deixa, como país, em uma situação ruim depois de tantas glórias”.
A declaração de Garro não foi bem recebida pela Casa Rosada. No X, antigo Twitter, o gabinete de Milei escreveu que “nenhum governo pode dizer o que comentar, o que pensar ou o que fazer à Seleção Argentina, campeã mundial e bicampeã americana, ou a qualquer outro cidadão”.
“Por esta razão”, acrescentou a postagem, “Julio Garro deixou de ser Subsecretário de Esportes da Nação.”
Ainda nesta terça-feira, a Federação Francesa de Futebol (FFF) anunciou que acionará a Federação Internacional de Futebol (Fifa) sobre a música “racista e discriminatória”. A Fifa, por sua vez, disse que “está ciente de um vídeo que circula nas mídias sociais e o incidente está sendo investigado”.