O presidente da Argentina, Javier Milei, no primeiro dia de mandato, alterou uma lei que proibia a nomeação de parentes em cargos do governo para indicar sua irmã, Karina, a um alto posto da administração pública. A mudança foi publicada no Diário Oficial desta segunda-feira, 11, e consolidou o poder da figura a quem o chefe de Estado argentino chama de “chefe” e “guru”.
Karina Milei tomou posse no domingo 10 junto com os demais nove ministros do governo. Além de ser alçada a primeira-dama, numa medida controversa que desbancou a namorada do novo presidente, a comediante Fátima Florez, ela ocupará a Secretaria de Presidência, cargo de extrema confiança do chefe de estado.
A função é de uma assessora especial ligada diretamente ao presidente da República.
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Antinepotismo
O decreto publicado nesta segunda-feira altera o artigo primeiro de uma lei de 2018, promulgada durante o governo do então presidente Mauricio Macri (hoje importante elemento da coalizão de Milei) que coibia o nepotismo ao proibir nomeações de parentes em cargos públicos.
O texto, assinado por Macri há cinco anos, afirmava que a regra “se baseia em princípios de institucionalidade, integridade e transparência a partir dos quais se procura alcançar uma gestão mais eficaz e eficiente”.
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A regulação estabelecia que parentes diretos ou indiretos, de até segundo grau, do presidente, vice-presidente, ministros, chefes de gabinete e outros integrantes de alto escalão do governo não poderiam ser indicados para postos no governo. Na mudança patrocinada por Milei, porém, o presidente ficou de fora das restrições, já que está habilitado, conforme garante a Constituição, a nomear e destituir funcionários mediante “o princípio da idoneidade para acesso a cargos públicos”.
Quem é Karina Milei?
Uma das mais íntimas conselheiras do novo presidente argentino é sua irmã dois anos mais nova, a quem o político faz juras de confiança e diz ser sua mentora.
A discreta Karina Elizabeth Milei, de 50 anos, formada em relações públicas, é tida como quem cuida de cada passo dado pelo irmão, desde a atuação política exitosa, passando pelo divã da vida pessoal até o guarda-roupa. Seria dela, por exemplo, a invenção do visual de roqueiro ostentado pelo recém-empossado chefe de Estado, que além de manter o cabelo permanentemente despenteado também trocou ternos por jaquetas de couro.
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Estratégias de discursos, agenda e até mesmo efeitos visuais da campanha estavam no rol de atuação daquela que seria “o cérebro por trás de Milei”, ou, nas palavras dele, “Moisés”.
“Vocês sabem que Moisés era um grande líder, mas não era bom em espalhar a palavra. Então, Deus enviou Orón para espalhar a palavra. Bem, Kari é Moisés e eu sou aquele que espalha a palavra. Sou apenas um divulgador”, disse Milei ao explicar um dos muitos apelidos da irmã.