Os chilenos vão às urnas no domingo para escolher, entre nove candidatos, o novo presidente, em uma votação que tem Michelle Bachelet, 62 anos, como favorita. De acordo com as pesquisas, Michelle tem chances de garantir a vitória no primeiro turno.
Mais de 13 milhões de chilenos estão habilitados a votar neste domingo. A eleição marca a estreia, no pleito presidencial, do voto facultativo, que mudou o antigo sistema, no qual a inscrição eleitoral era voluntária, mas que, uma vez inscrito o eleitor, o voto se tornava obrigatório.
Não existem projeções exatas sobre o número de eleitores que comparecerão às urnas. As estimativas apontam para entre sete e nove milhões de pessoas.
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Disputa – Michelle Bachelet se tornou a primeira mulher a ocupar a Presidência do Chile, em 2006, e lidera com grande vantagem todas as pesquisas, com 47% das intenções de voto. Dos seus oito adversários, a melhor colocada é a ex-ministra Evelyn Matthei, com 14%.
“Temos que ganhar com ampla vantagem no primeiro turno”, afirmou Michelle no encerramento de sua campanha, na quinta-feira. “Queremos ganhar no primeiro turno porque temos muito a fazer”, acrescentou.
Médica e mãe divorciada de três filhos, a ex-presidente promete um “novo ciclo” com várias reformas, com destaque para a tributária, a educacional e para uma nova Constituição que tem como objetivo acabar com o legado do regime de Augusto Pinochet (1973-1990).
“O Chile mudou e é agora um país mais ativo e com maior consciência de seus direitos”, declarou Bachelet em março, quando anunciou sua decisão de concorrer novamente à Presidência. Para concretizar as mudanças prometidas, ela precisa de uma ampla maioria no Congresso, que também será renovado no domingo.
As pesquisas preveem que Michelle obterá a maioria no Congresso, mas não com a folga necessária para realizar as reformas mais profundas, incluindo a nova Constituição. Os chilenos devem renovar a totalidade da Câmara dos Deputados, de 120 membros, e metade do Senado, de 38 membros.
A candidata afirma que quer corrigir a desigualdade social e defende um aumento progressivo dos impostos sobre as empresas, para arrecadar cerca de 8 bilhões de dólares e injetá-los na educação, um dos principais focos do descontentamento social no Chile.
Outra proposta é o ensino universitário gratuito em seis anos e o fim gradual do sistema de cobranças de mensalidades em estabelecimentos escolares que recebem subsídios estatais.
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Primeiro turno – “Não há incerteza sobre quem será a nova presidente do Chile, que, todas as pesquisas indicam que será Michelle Bachelet, a menos que algo extraordinário aconteça”, declarou à AFP o especialista em eleições Mauricio Morales.
Michelle pode vencer no primeiro turno, o que não acontece desde 1993. Mas, sendo a primeira eleição presidencial com voto facultativo, a previsibilidade das pesquisas diminui. Como único precedente está a abstenção de 60% nas eleições municipais de 2012, quando o novo sistema estreou.
A vitória no primeiro turno dependerá do número de pessoas dispostas a votar. Uma taxa de participação baixa beneficiaria a ex-presidente, que tem um bom número de eleitores considerados garantidos.
Evelyn Matthei – Mais de 30 pontos atrás de Michelle nas pesquisas aparece a candidata Evelyn Matthei, ex-ministra do Trabalho de Piñera, deputada e senadora do partido União Democrática Independente (UDI).
Evelyn foi indicada como candidata no último momento, depois da renúncia do ex-ministro Pablo Longueira, vencedor das primárias, mas que desistiu depois de ter sido diagnosticado com uma depressão.
A ex-ministra, de 60 anos, com uma longa carreira política, aparece com 14% das intenções de voto. Evelyn afirma que deseja dar continuidade ao governo de Piñera e que o programa de Michelle representa um “retrocesso”.
“Se alguém perguntar aos chilenos se estão melhores agora do que há quatro anos, estou certa de que a imensa maioria vai responder que sim”, disse Evelyn ao discursar na cidade de Chillán, cerca de 450 km ao sul de Santiago.
O terceiro lugar é disputado pelo economista independente Franco Parisi, a surpresa da eleição com uma carreira política de menos de um ano, e pelo cineasta Marco Enríquez Ominami, que em 2009 recebeu 20% dos votos, mas que agora não supera 10%.
(Com agência France-Presse)